Por Aline Merladete, do Agrolink
Segundo análise da Hedgepoint Global Markets, especializada em gestão de risco e inteligência de mercado, as eleições presidenciais nos Estados Unidos trazem uma influência sobre o futuro do mercado agrícola global. O impacto das decisões do próximo presidente, especialmente em temas de comércio, regulação e sustentabilidade, será observado de perto por agricultores e produtores de commodities ao redor do mundo.
Chris Trant, chefe do Departamento de Agricultura da Hedgepoint, destaca que “a corrida pela presidência dos EUA influencia diretamente a economia global, afetando a agricultura e o mercado de commodities.” Segundo Trant, a presidência tem o poder de moldar a segurança alimentar global e os acordos comerciais, além de influenciar a produção e os programas de energia renovável nos EUA.
Políticas de Trump para o agro
Caso eleito, Trump tende a manter uma postura similar à sua gestão anterior, marcada pela desregulamentação e pelo protecionismo comercial. Em 2018, essa abordagem levou a uma guerra comercial com a China, que reduziu drasticamente as exportações de soja americana, favorecendo o Brasil como fornecedor principal do grão para o mercado chinês.
“Se Trump for eleito e adotar uma abordagem semelhante, é possível que uma nova tensão comercial com a China surja, embora a resposta do mercado de soja possa ser menos volátil, considerando a menor dependência da China”, comenta Trant. Trump também propõe reduzir custos energéticos e reverter regulamentações de Biden, priorizando políticas que reduzam as importações e aumentem a produção interna.
O plano de Kamala Harris
Em contrapartida, Kamala Harris promete um governo voltado à sustentabilidade e à energia renovável, linha que segue a atual administração Biden. A expansão do uso de óleo de soja para biocombustíveis exemplifica uma tendência que Harris pode aprofundar caso eleita.
Trant ressalta que Harris apoia práticas agrícolas sustentáveis e pode aumentar a demanda por soja para produção de biodiesel. Suas políticas focam ainda em diversificação de exportação, redução de preços abusivos e na oferta de mão de obra imigrante, fatores que favorecem os agricultores americanos.