Por Wanglézio Braga/ Foto: Fernando Dias
A Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) sediou hoje (13) uma reunião da Comissão de Legislação Agrária para tratar da crescente apreensão dos produtores com a alta da pauta do boi e a chegada da obrigatoriedade da rastreabilidade bovina. O encontro contou com a presença de deputados estaduais, representantes do governo, pecuaristas, associações rurais e de pecuária que pedem uma discussão mais profunda sobre o futuro da atividade pecuária no estado.
O presidente da Associação de Micro e Médio Pecuaristas da Transacreana, José Augusto, foi direto ao afirmar que a cadeia produtiva corre risco de colapso caso as novas medidas não sejam ajustadas à realidade local. Segundo ele, o pequeno produtor está sendo sufocado. “Além da pauta fiscal, agora vem a obrigação do chip, multas, embargos e exigências que tornam a atividade inviável. Precisamos de soluções mais honrosas para quem gera alimento e renda no campo”, declarou.

Geraldo Pereira, ex-deputado e pecuarista, acrescentou que o problema central é ambiental. “A rastreabilidade está sendo puxada pela pauta ambiental internacional, e isso vai travar a emissão de GTA. Quando isso estiver ativo, quem não estiver 100% regularizado não conseguirá mover um boi sequer”, alertou.
Para ele, o governo precisa entender a gravidade da situação. “É preciso chamar a Unale para debater com prefeitos, governadores e parlamentares. O que está em jogo é o futuro da Amazônia e do nosso produtor”, completou.

O debate ocorre em meio ao avanço do projeto federal que tornará obrigatória, até 2027, a identificação individual de bovinos por meio de dispositivos eletrônicos. A medida, embora tenha apelo positivo no mercado externo, gera insegurança entre os produtores locais, principalmente os de menor porte, que enfrentam dificuldades para acessar assistência técnica, regularização fundiária e apoio para adequação às normas.