Por Wanglézio Braga
Produtores rurais de Marechal Thaumaturgo, município isolado do Acre, estão prestes a vivenciar uma transformação no processo de registro de marcas de seus bovinos. Em entrevista à TV Juruá, a representante do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (IDAF) na região do Juruá anunciou uma ação inédita para facilitar a vida dos criadores. A medida busca resolver a baixa adesão aos cadastros de rebanhos. Um dos motivos é a ausência de um cartório local para o registro das marcas obrigatórias.
A representante destacou que a distância e os altos custos para realizar o registro em Cruzeiro do Sul são grandes barreiras para os produtores. “Hoje, para ter cadastro no IDAF, é necessário o registro de marca, que é aquela identificação colocada no animal para reconhecer o proprietário. Mas, em Marechal Thaumaturgo, esse registro não era possível por falta de cartório, o que obrigava o produtor a se deslocar até Cruzeiro, aumentando os custos de forma inviável”, explicou ao repórter José Halif.

Ação planejada para fevereiro
Com o apoio da Prefeitura de Marechal Thaumaturgo, o IDAF vai implementar um sistema local para o registro das marcas, eliminando a necessidade de deslocamento até Cruzeiro do Sul. A previsão é que o serviço esteja disponível a partir do início de fevereiro. Além disso, um mutirão será realizado para atualizar o cadastro dos rebanhos diretamente nas comunidades ribeirinhas, aproveitando o período em que as águas dos rios permitem melhor acesso às localidades.
A estratégia envolve visitas de casa em casa, com coleta de documentos, escaneamento no local e finalização do cadastro apenas quando o produtor for à sede do município. “Queremos garantir que todos os produtores sejam atendidos, mesmo aqueles que não têm rebanho no momento. A ideia é deixar a documentação pronta para quando precisarem”, afirmou a representante.
Realidade desafiante e otimismo
A ação é vista como um alívio para os produtores locais, que enfrentam dificuldades econômicas e logísticas para cumprir as exigências legais. “Nem todos os produtores têm o mesmo perfil financeiro. Trabalham com muita dificuldade, e propor algo que não leve isso em conta seria desumano”, reforçou.
A expectativa é que a iniciativa também atualize o número real de bovinos no município, que é conhecido por sua produtividade, mas carece de dados precisos. O IDAF pretende começar os trabalhos logo após o Novenário de São Sebastião, uma festa religiosa que concentra grande parte da população na cidade.
Com um serviço que promete ir até as portas dos produtores, o mutirão representa mais que uma regularização técnica: é um gesto de inclusão que valoriza o esforço diário de quem sustenta a pecuária na região.
