Por Wanglézio Braga
A acreana e influenciadora do agro, Aparecida Gonçalves, mais conhecida como Paty a Boiadeira, emocionou seus seguidores ao compartilhar vídeos no Instagram em que aparece chorando ao se despedir de seu boi de carroça, que foi vendido por necessidade. Em um depoimento sincero e emocionante, Paty não escondeu as lágrimas ao descrever o laço afetivo que construiu com o animal ao longo dos anos.
“Eu não sei qual a lógica de amansar um animal, usar ele, tá com a gente tantos anos… e depois ter que vender. Eu chorei tanto! Ele carregava a gente na carroça, carregava estaca. Agora, ver ele embarcando ali, tão inocente, sem saber pra onde vai… É de partir o coração,” desabafou Paty, com a voz embargada.
Ela também destacou o quanto é difícil lidar com o desapego. “Eu olho pra ele e não vejo dinheiro, vejo afeto. Ele é parte da nossa história no campo. É muito injusto desfazer de um animal que tanto trabalhou ao nosso lado. Mas a vida no agro é assim, e a gente precisa encarar.”
Mesmo diante das críticas, Paty afirmou que não se envergonha de expressar seus sentimentos. “Eu sou uma boiadeira diferente, tenho apego aos meus animais. Eu choro mesmo, e não me importo com quem me critica por isso. É o jeito que eu sou”.
QUEM É ELA?
Paty A Boiadeira vive numa propriedade na região do Acre. Em seus perfis nas redes sociais, mostra como é lida no campo, grava receitas com produtos regionais, dá dicas sobre produção de pão, de queijo e doce de leite artesanal, fala sobre moda rural e curiosidades da região.

Como lidar com o desapego de animais no campo?
O desabafo de Paty a Boiadeira trouxe à tona um tema pouco discutido no universo agro: a relação emocional entre os trabalhadores do campo e seus animais. O exemplo dela é um lembrete de que, mesmo em meio à dureza da vida rural, existe muito afeto e humanidade.
O Portal Acre Mais conversou a psicóloga Carla Nogueira. Ela citou que no caso em questão, despedir-se de um animal com quem convivemos pode ser emocionantemente devastador, especialmente quando há um vínculo afetivo. Ela aproveitou a oportunidade para citar seis dicas que vai ajudar a lidar com o desapego:
- Reconheça seus sentimentos: É normal sentir tristeza e até culpa. Não se julgue por chorar ou se emocionar.
- Busque apoio emocional: Compartilhar sua dor com familiares, amigos ou uma comunidade que entenda sua realidade, como outros produtores rurais, pode ser reconfortante.
- Entenda o ciclo natural da vida no campo: Lembrar que o trabalho no agro envolve momentos de ganho e perda pode ajudar a ressignificar a situação.
- Crie rituais de despedida: Separe um momento para agradecer ao animal por tudo o que ele proporcionou. Isso pode trazer uma sensação de encerramento e gratidão.
- Pratique o desapego gradual: Se possível, prepare-se emocionalmente antes de tomar a decisão final. Reflita sobre como a venda do animal é importante para manter o equilíbrio da propriedade.
- Considere ajuda profissional: Psicólogos e terapeutas especializados em questões rurais podem ser aliados preciosos para lidar com emoções complexas.
