Por Wanglézio Braga
Em uma movimentação que promete abalar as estruturas do transporte agropecuário no estado, o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (Idaf) intensificou suas fiscalizações nos postos fixos e barreiras volantes espalhadas por pontos estratégicos do estado. A medida, embora justificada pela necessidade de preservar a saúde do agronegócio, já começa a gerar desconforto entre transportadores e produtores rurais que se veem pressionados por uma malha cada vez mais rígida de controle.
De acordo com informações divulgadas pela Agência de Notícias do Acre, as ações atendem às exigências do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). “As atividades de fiscalização de trânsito agropecuário fazem parte das exigências do Ministério”, reforça a reportagem, destacando que servidores atuam em regime de plantão permanente nos postos de Pica-pau (divisa Acre/Amazonas), Tucandeira (divisa Acre/Rondônia) e Trevo (Senador Guiomard), pontos-chave por onde transitam cargas animais e vegetais oriundas de Plácido de Castro, Capixaba, Xapuri, Epitaciolândia, Brasileia e Assis Brasil.
Além dos postos fixos, o Idaf lançou mão de barreiras volantes, aumentando a cobertura em áreas estratégicas. A justificativa oficial para essa operação robusta é evitar que animais infectados cruzem fronteiras, assegurando a continuidade das exportações e a estabilidade do mercado interno. Porém, as medidas não estão livres de críticas.
Produtores e transportadores reclamam da falta de diálogo e da burocratização excessiva imposta pela fiscalização. “Essa fiscalização contínua é importante, mas também acaba atrapalhando quem já segue as normas. Passamos horas parados, e isso afeta a qualidade dos produtos que transportamos”, desabafou um motorista que preferiu não se identificar.
Para o Idaf, o rigor é essencial para manter o Acre competitivo no mercado internacional. No entanto, a pergunta que fica é: até que ponto o aumento da fiscalização contribui para o agronegócio, e em que momento ele começa a sufocar os pequenos produtores? Se por um lado a exportação precisa ser protegida, por outro, é o produtor local que sustenta a base dessa cadeia. O equilíbrio entre controle e acessibilidade será o verdadeiro desafio para a autarquia nos próximos meses.