Por Wanglézio Braga
Durante reunião Grupo de Trabalho de Pecuária de Leite Fórum Empresarial do Acre, realizada na semana passada, o coordenador Eduardo Mitke debateu uma proposta ousada, porém, essencial: instalar queijarias em containers para transformar a realidade da cadeia produtiva do leite no estado. A ideia é implantar unidades compactas, com certificação e capacidade de produção local, que possam ser transportadas conforme a demanda — levando estrutura até associações e regiões mais produtivas.
Mitke alertou que o Acre tem uma das cadeias de leite menos organizadas do país, com cerca de 100 mil litros por dia produzidos, mas com até 60% circulando na informalidade, sem inspeção ou segurança sanitária. “Isso é grave. Temos riscos de zoonoses, falta de segurança alimentar e nenhum produto com valor agregado. Precisamos sair da dependência estrutural do governo e apostar em inovação, certificação e empreendedorismo”, reforçou em entrevista ao Portal Acre Mais.
A proposta do container surge como alternativa viável frente à ausência de grandes laticínios ou indústrias no estado. O modelo já existe em estados do Nordeste, onde as queijarias móveis usam até energia solar para funcionar. “Com um container adaptado, conseguimos produzir queijo com rótulo, identidade regional e dentro das normas sanitárias. Por que não criar um queijo da Amazônia?”, provocou Mitke.

Modelo de Queijaria Compacta na Bahia (Foto: Governo da Bahia)
O projeto pretende atender pequenos produtores e associações, levando não apenas a estrutura física, mas também conhecimento técnico e apoio na certificação. A mobilidade permitiria alcançar diferentes regiões, sem necessidade de obras pesadas, em concreto. Segundo o coordenador, já há mapeamento das áreas mais produtivas do estado — o que falta agora são os recursos e apoio político para tirar o plano do papel.
Mitke afirmou que o Fórum Empresarial buscará envolver a bancada federal e os órgãos de fiscalização para viabilizar a primeira unidade. “Alguém precisa levantar essa bandeira. O Acre tem potencial, mas precisa transformar o leite cru em oportunidade. Com baixo custo e alto impacto, essa pode ser a virada que o setor precisa”, finalizou.