Por Wanglézio Braga
Durante o último fim de semana, Epitaciolândia foi palco do Festival da Castanha, evento que reuniu produtores, extrativistas, autoridades e especialistas para discutir os rumos da cadeia produtiva da Castanha-do-Brasil. Entre os destaques, esteve a apresentação do Programa Castanheiras, elaborado pelo economista Fábio Teixeira e desenvolvido pelo Estado do Amapá, que busca promover o desenvolvimento sustentável sob a perspectiva dos trabalhadores agroextrativistas.
“O programa Castanheiras é a visão dos trabalhadores e trabalhadoras agroextrativistas da castanha do Brasil no Amapá. Trata-se de um caminho para alcançarmos a sustentabilidade a partir do olhar de quem vive da floresta. Estar aqui no Acre tem sido uma experiência incrível. O povo é acolhedor, e as trocas com autoridades locais foram extremamente produtivas”, destacou Teixeira.
Apesar dos vínculos culturais e da luta histórica em prol do extrativismo, as realidades de Acre e Amapá em relação à castanha são distintas. “O Acre tem um grau de desenvolvimento na economia castanheira muito mais avançado. Não é por acaso que é o maior produtor nacional de castanha. Aqui, a castanha transcende o valor econômico; é cultural, espiritual. No Amapá há respeito pela castanha, mas com diferenças claras em relação ao Acre”, afirmou Teixeira.
Dados do Observatório da Castanha (OCA) revelam que a cadeia produtiva movimenta cerca de R$ 2 bilhões anualmente, mas apenas 5% desse valor chega aos extrativistas, um desequilíbrio que o programa pretende reverter.
Francisco Edimburgo, analista ambiental do ICMBio, também veio do Amapá para participar do evento e ressaltou a histórica união entre os estados na defesa do extrativismo. “A luta pela criação das Reservas Extrativistas (Resex) foi um marco comum. A Chico Mendes, no Acre, e a do Rio Cajari, no Amapá, estão entre as quatro primeiras criadas no Brasil, em 1990. Essa conexão reforça a importância de mantermos o diálogo e a cooperação em prol da castanha e dos povos da floresta”, disse.