Por Wanglézio Braga
Empresários, comerciantes e trabalhadores do Acre vivem dias de incerteza e prejuízo diante do novo bloqueio total da fronteira entre o Brasil e a Bolívia. O fechamento, programado para esta segunda-feira (17), afeta diretamente as cidades de Epitaciolândia e Brasileia, impedindo o fluxo de mercadorias, turistas e trabalhadores que cruzam diariamente a divisa.
A medida, organizada por sindicatos, associações e moradores de Cobija, capital do Departamento de Pando, é um protesto contra a crise de abastecimento de combustível, a inflação desenfreada e o aumento exorbitante no preço dos produtos básicos e da carne. A paralisação começa com uma grande marcha saindo do Monumento dos Heróis da Guerra de Bahia e não tem previsão para ser encerrada.

PREJUÍZOS IMEDIATOS
O empresário acriano Sóstenes Braga, que há 21 anos atua na região de fronteira, afirma que a situação está insustentável. “Bolívia hoje vive um caos, porque o sistema político deles não condiz com a realidade atual. Eles dependem da gente e a gente depende deles. Mas, com essas paralisações frequentes, o prejuízo para quem trabalha aqui é de 100%”, lamenta.
Ele explica que muitos empreendedores brasileiros que comercializam produtos para a Bolívia estão sendo afetados diretamente. “Se continuar assim, vamos ter que procurar outros meios, porque a cada semana eles param tudo. Está impossível manter as atividades”, destaca.
EFEITOS NO COMÉRCIO E NO TRANSPORTE
Os bloqueios impedem a entrada e saída de mercadorias, afetando desde pequenos comerciantes até grandes distribuidores. Além disso, o transporte de passageiros em Cobija está suspenso, prejudicando trabalhadores brasileiros que atuam no país vizinho e bolivianos que dependem da movimentação econômica do lado brasileiro.
A crise boliviana também atinge os consumidores do Acre, que veem produtos importados sumirem das prateleiras e sentem no bolso o impacto da paralisação. Muitos dos itens comercializados na fronteira, como roupas, eletrônicos e são abastecidos por fornecedores bolivianos.
SEM SOLUÇÃO À VISTA
Com a crescente insatisfação da população boliviana e a ausência de medidas concretas do governo de Pando para solucionar a crise, a perspectiva é de mais bloqueios no futuro. Enquanto isso, empresários e trabalhadores acrianos seguem no prejuízo, temendo que o caos na Bolívia continue sufocando a economia local.
“Se a fronteira estivesse aberta, a gente conseguiria se manter, mas desse jeito está impossível. Precisamos de uma solução urgente”, desabafa Sóstenes Braga.