Por Wanglézio Braga
Feijó é conhecida no Acre como a “Terra Nacional do açaí”, mas o que poucos sabem é que o município está se tornando um dos grandes polos pecuários do estado e, mais recentemente, começa a se aventurar no plantio de café. Em entrevista exclusiva ao Portal Acre Mais, o presidente do Sindicato Rural de Feijó, Claudélio Bomfim, destacou os avanços e desafios enfrentados pelo setor.
“O nosso sindicato estava adormecido, mas nos últimos anos conseguimos estruturá-lo para melhorar a vida do produtor rural. Hoje, já atendemos 25 produtores com assistência técnica rural por meio de uma parceria com o Senar e outras instituições”, afirmou Bomfim.
Da criação de gado ao café: Feijó se reinventa no agronegócio
Embora a cultura do açaí seja um símbolo local, a pecuária tem ganhado destaque, principalmente no setor de corte. Segundo Bomfim, os produtores têm investido fortemente no melhoramento genético do rebanho, tornando Feijó referência em qualidade bovina dentro do estado.
“Hoje, o produtor rural feijoense já se preocupa com melhoramento genético. Nossa pecuária tem avançado muito, e não é exagero dizer que temos uma das melhores genéticas bovinas do Acre”, revelou.
Além disso, uma nova cultura começa a ganhar espaço: o café. Inspirados no sucesso da cafeicultura em outras regiões do estado, alguns produtores locais já iniciaram suas primeiras plantações, apostando na expansão desse mercado em Feijó.
“O município está se preparando para entrar no segmento do café. Já temos produtores investindo nisso, o que pode trazer uma nova fonte de renda e desenvolvimento para a região”, destacou Bomfim.
O desafio da logística e a necessidade de apoio público
Apesar dos avanços, o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais alerta que a falta de infraestrutura é um grande obstáculo para o crescimento do agronegócio local.
“O principal problema é a logística. Feijó tem a maior malha de ramais do estado, mas muitos deles passam anos sem manutenção. Isso impacta diretamente o escoamento da produção”, criticou.
Além da infraestrutura precária, Bomfim aponta a falta de conhecimento técnico como outro entrave para o desenvolvimento rural. “Investir em tecnologia e no acompanhamento técnico do produtor é essencial. O governo precisa enviar mais especialistas para orientar os trabalhadores do campo, garantindo que eles produzam com qualidade e consigam vender seus produtos com valor agregado”, completou.
O Futuro de Feijó no Agronegócio
Com a pecuária se consolidando, o café ganhando espaço e o tradicional açaí aguardando uma produção planejada, Feijó se encontra em um momento de transição econômica no setor rural. A solução para garantir o crescimento do município, segundo Bomfim, depende de um olhar mais atento do poder público para a infraestrutura e a capacitação dos produtores.
“Temos potencial para ser um dos grandes polos agropecuários do Acre. Precisamos apenas das condições certas para transformar esse potencial em realidade”, concluiu.
