Pecuarista cita possível manobra para derrubar preço do bezerro e ‘sufocar’ pequeno produtor no Acre

Por Wanglézio Braga

O pecuarista Geraldo Pereira, fez declarações contundentes sobre a atual política de comercialização de bezerros no Acre. Em meio à discussão sobre a Pauta de Preços Mínimos, travada na última segunda-feira (14), Pereira não poupou críticas ao que citou de “manobra coordenada” entre grandes pecuaristas e frigoríficos para desvalorizar o bezerro e ‘sufocar’ economicamente os pequenos produtores.

“O bezerro é quem salva a lavoura!”, disparou o pecuarista. Segundo ele, a pecuária de cria no Acre está sustentada majoritariamente por micros, pequenos e médios produtores rurais, que se viram obrigados a apostar no gado como alternativa de sobrevivência após o colapso da agricultura tradicional, esmagada pela competição “desleal” da agricultura industrial com produtos como milho, arroz e feijão, vindos do Centro-Oeste em larga escala e com alta mecanização.

A crítica de Geraldo Pereira se concentra na estratégia do setor industrial de pressionar o governo estadual a reajustar para cima a chamada Pauta de Preços Mínimos. “O objetivo é claro: inviabilizar a venda de bezerros para outros estados, forçando os pequenos produtores a vender barato para os grandes. Quando o governo sobe a pauta, o bezerro fica preso no pasto. O preço despenca, e quem lucra com isso são os frigoríficos e os grandes pecuaristas”, disse.

Pereira levanta ainda um dado técnico que, segundo ele, desmonta a narrativa dos frigoríficos. Com base em informações do IDAF, o Acre possui atualmente cerca de 1.055.000 bovinos prontos para o abate, considerando nesse cálculo o descarte de no mínimo 20% das fêmeas que não emprenhar na estação de monta. “Os frigoríficos abatem menos de 600 mil animais por ano. Ou seja, temos quase 500 ⁷mil bovinos sobrando nas fazendas. Não há justificativa para impedir a saída de bezerros. O excesso de oferta só está jogando os preços no chão”, argumenta.

Para o ex-deputado, a postura do governo precisa mudar. Ele defende incentivo à exportação de animais vivos para fora do estado, principalmente para abate em regiões com maior capacidade industrial e melhores condições de negociação. “Se o governo ceder aos apelos dos grandes, quem vai pagar a conta serão os pequenos pecuaristas que deveriam ser tratados com todo cuidado, pois são eles quem mais produzem bezerros para o continuo crescimento da pecuária do estado do acre. segurar os bezerros no estado do acre, não baixa o preço da carne, pois os bezerros estarão prontos para o abate em 2027”.

A fala de Geraldo reacende um debate que há anos ronda os bastidores da pecuária acreana: quem, de fato, lucra com as decisões que afetam a base da cadeia produtiva? Em um estado onde a criação de bezerros representa a última trincheira de resistência para milhares de pequenos produtores, a resposta pode valer mais do que cabeças de gado — pode significar a sobrevivência de um modo de vida.


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