Por Wanglézio Braga
Acreana de Plácido de Castro e hoje radicada em Porto Velho, Dryelle Vieira encontrou na pirografia uma forma de sustento, missão e fé. Mãe de dois filhos autistas, ela buscava uma atividade que permitisse trabalhar de casa e, ao mesmo tempo, cuidar da família. Foi depois da pandemia, num período marcado por incerteza e oração, que Dryelle viu sua vida mudar ao descobrir, por acaso, um ferro de solda com o nome “pirógrafo” escrito na embalagem. A curiosidade virou destino.
Sem curso, sem tutorial e guiada apenas pela vontade de aprender, Dryelle começou a queimar madeira no improviso, usando um pedaço de compensado velho. A primeira peça, gravada com o ferro de solda, levou 12 horas e se tornou marco do início de sua caminhada. No começo, quase tudo era presente: uma forma de agradecer a quem a ajudou durante o período mais difícil da Covid-19. “A arte tem um poder de transformar a vida de alguém”, relembra. Hoje, Dryelle leva seu talento para além do ateliê doméstico: ela está expondo suas peças na Agrotec 2025, onde tem chamado atenção pelo cuidado dos detalhes e pela força espiritual que imprime em cada trabalho.
O crescimento foi gradual, com encomendas de amigos e conhecidos. Mas, para Dryelle, a pirografia nunca foi apenas estética. Era — e segue sendo — missão. Em cada peça, ela entrega mais que técnica: entrega fé. Muitas vezes, o atendimento vira conversa, e a conversa vira oração. “Nem sempre é venda. Às vezes a pessoa chega aqui precisando ouvir de Deus, e eu abençoo. Cada peça que fiz, doei ou vendi, eu oro até hoje por quem recebeu”, conta.
Hoje, o ateliê montado dentro de casa continua sendo seu refúgio. Um espaço simples, mas onde ela diz que o corpo cansa e a mente descansa. Agora, com a vitrine da Agrotec, Dryelle celebra uma nova fase. Quero mostrar ao público rural e urbano como a madeira queimada pode carregar histórias de superação, fé e gratidão”, resumiu ao dizer da sua expectativa para a feira.
