Por Wanglézio Braga
O superintendente regional do Ministério do Trabalho e Emprego no Acre, Leonardo Lani, alertou, em entrevista ao Portal Acre Mais nesta terça-feira (25), para um tema que vem ganhando força dentro e fora das porteiras: os riscos psicossociais no campo. Desde maio deste ano, a Norma Regulamentadora nº 1 (NR-01) sobre Segurança no Trabalho passou a exigir que empregadores rurais também considerem fatores ligados à saúde mental na rotina de trabalho, além dos tradicionais riscos físicos, químicos e ergonômicos.
Segundo Lani, o ambiente rural reúne características próprias que elevam a vulnerabilidade do trabalhador. A distância dos centros urbanos, a solidão nas tarefas, a imprevisibilidade do clima e a forte oscilação nos preços das culturas pressionam tanto produtores quanto funcionários. Em períodos de safra, o aumento da demanda e a ampliação da jornada de trabalho criam um terreno fértil para o estresse, a ansiedade e até casos de esgotamento físico e emocional.

O superintendente destaca que, nas atividades de agricultura intensiva, como monoculturas e corte de cana, o risco é ainda maior. Jornadas longas, ritmo puxado e pagamento por produtividade podem empurrar o trabalhador ao limite. “Quando a remuneração depende do quanto a pessoa produz, abre-se margem para esforços que extrapolam a capacidade humana”, explica.
Para Lani, o campo brasileiro tem avançado em tecnologia, produtividade e gestão, mas ainda precisa ampliar a atenção ao bem-estar do trabalhador. Ele reforça que, assim como se previne acidentes com máquinas e defensivos, também é hora de prevenir o adoecimento emocional. “A saúde mental é parte fundamental da segurança no trabalho rural e precisa entrar de vez na rotina das propriedades”, conclui.
