Da Redação do Portal Acre Mais
Enquanto os olhos do Brasil voltam-se para os protestos em Xapuri, uma cena cruel se repete, dia após dia, nos pastos da Reserva Chico Mendes: bezerros separados de suas mães, morrendo de fome e sede, e animais sendo levados para o abate, sem qualquer critério de compaixão ou respeito ao bem-estar. A operação do ICMBio, que se diz de proteção ambiental, está produzindo uma tragédia silenciosa que expõe uma ferida ainda mais profunda: o silêncio ensurdecedor de muitas ONGs e entidades que se autoproclamam defensoras dos animais.
É chocante ver que aqueles que vivem de campanhas, doações e holofotes em nome da vida animal agora preferem o conforto da omissão. Apenas uma notinhas de repúdio em rede social para não ser chamada de omissa. Mas, até o momento nenhuma mobilização, nenhum gesto de solidariedade aos pequenos produtores que assistem, impotentes, ao sofrimento de seus animais. Onde estão as organizações que gritam por um cachorro abandonado, mas que se calam diante de vacas chorando pelos seus filhotes? O silêncio, neste caso, é mais do que covardia: é cumplicidade.
Os mesmos que tanto falam em proteção animal deveriam estar em campo, denunciando, fiscalizando e exigindo um mínimo de humanidade por parte dos órgãos que conduzem essas ações. O embargo pode ser uma ferramenta legal, mas o abandono de bezerros e o abate forçado de animais mansos, como no caso do boi Roxinho, são inaceitáveis sob qualquer ótica ética.
Se o campo hoje clama por justiça, também clama por coerência. Que as entidades que vivem da causa animal levantem a voz, porque quem silencia diante de tamanha crueldade, carrega junto a responsabilidade pelo sofrimento que está sendo imposto aos animais e às famílias da Reserva Chico Mendes.
