Da redação do Portal Acre Mais/ Foto; Reprodução Internet
O comportamento do ICMBio durante a polêmica Operação Suçuarana, no Acre, escancarou um velho problema de órgãos públicos que insistem em tratar parte da imprensa como inimiga: a total falta de transparência e o desprezo pelo trabalho jornalístico. A estratégia de comunicação foi, para dizer o mínimo, desastrosa. Em vez de abrir espaço para o diálogo, esclarecer os fatos e reconhecer os limites e erros da operação, o órgão por meio dos seus gestores preferiu criar uma cortina de fumaça, jogando tudo no colo das chamadas “fake news”. Fácil, conveniente e, acima de tudo, covarde.
Enquanto produtores rurais protestavam, jornais acreanos faziam o de sempre: buscar as fontes oficiais. Mas o que encontraram? Telefones desligados ou que nunca atendem na sede local, assessoria de imprensa ausente e, quando muito, a resposta automática de que apenas o que estava no site oficial seria considerado “a verdade absoluta”. E no presencial: “Não podemos falar!”. Uma postura que além de arrogante, é tecnicamente burra para quem deveria, por obrigação legal, dar publicidade aos seus atos. Não se viu uma única coletiva de imprensa durante toda a operação, ou se teve o convite foi apenas para os “parceiros”. Não houve convite para ouvir os repórteres locais, nem mesmo retorno para quem cobriu de perto os desdobramentos dos protestos.
A verdade é que o ICMBio trata os grandes jornais de fora do Acre com tapete vermelho, achando que eles sempre vão contar a história do jeito que o órgão quer. Já a imprensa regional, que conhece as realidades do campo, é tratada como subproduto, quando não como inimiga. Se hoje o ICMBio reclama de distorções, deveria começar assumindo que boa parte dessa crise de credibilidade foi construída por ele mesmo, ao negar o direito básico de acesso à informação e a forma como as operações são executadas.
Autarquias públicas existem para servir ao cidadão. Seus gestores devem cumprir, além da legalidade e moralidade, os princípios constitucionais da publicidade e da eficiência. Não se faz publicidade escondendo informações. Não se faz eficiência ignorando jornalistas. E definitivamente, não se constrói credibilidade agindo como se a sede do ICMBio fosse um tribunal de justiça, onde só a palavra oficial tem valor. Informação pública é um direito, não um favor. E é bom que o ICMBio aprenda isso antes de se afundar ainda mais no descrédito.