Por Jacks Aroldo*
Em um momento em que o Tribunal de Contas do Estado (TCE) decide pelo afastamento do Secretário de Educação devido às condições precárias das escolas da zona rural — sem estrutura, segurança ou dignidade para os estudantes —, outra realidade agrava o sentimento de injustiça: o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) promove o despejo de famílias de agricultores que vivem há décadas em áreas transformadas em unidades de conservação.
A população rural se vê entre dois extremos. De um lado, a moralização e a cobrança por políticas públicas eficazes na educação do campo. De outro, a desmoralização e a ausência de diálogo em decisões que atingem diretamente a vida de pequenos produtores e comunidades tradicionais.
Famílias inteiras, que construíram sua história sobre a terra, vivem agora sob ameaça de expulsão — muitas vezes sem indenização justa, sem alternativa habitacional e sem direito ao contraditório. Para elas, resta a angústia de perder não apenas um lugar para morar, mas todo um modo de vida, herança cultural e produtiva.
O contraste evidencia uma reflexão necessária: é possível combater irregularidades e proteger o meio ambiente sem ferir os direitos humanos e sociais?
Enquanto o poder público exige responsabilidade dos gestores educacionais, é preciso também exigir coerência e humanidade na condução de políticas ambientais. Não se pode governar com dois pesos e duas medidas.
O momento exige mais do que ações isoladas. Pede um país com justiça social, equilíbrio de decisões e, sobretudo, respeito às pessoas.
* É morador de Brasiléia, professor formado em matemática pela UFAC, pós graduado em Educação Especial Inclusiva e Transtorno do Espectro Autista (TEA) pela FACUMINAS.
Nota da Redação
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