Por Wanglézio Braga
Termina nesta segunda-feira (23) o prazo para que a sociedade se manifeste sobre a proposta do governo federal de privatizar as inspeções de saúde animal antes e depois do abate. A medida, que afeta diretamente frigoríficos e produtores rurais, vem sendo chamada de retrocesso sanitário por entidades do setor, como o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical).
A grande preocupação é que as inspeções, que hoje são feitas por fiscais concursados e independentes, passem para médicos-veterinários contratados pelas próprias empresas. Isso levanta o risco de perda de imparcialidade e favorecimento de interesses comerciais em vez da segurança alimentar. O sindicato já acionou o Ministério Público Federal e promete intensificar a mobilização caso a proposta avance.
Na prática, produtores temem que a mudança comprometa a credibilidade da carne brasileira, principalmente nos mais de 150 países que compram o produto. Uma falha de fiscalização pode resultar em embargos, perda de mercado e prejuízo direto para quem vive da pecuária.
Representantes de entidades de defesa do consumidor e da saúde pública também engrossaram o coro contra a medida. O setor aguarda agora a posição final do governo, que terá de lidar com a pressão dos auditores e o risco de crise internacional no momento em que o Brasil tenta ampliar acordos comerciais, como o do Mercosul com a União Europeia.