Por Wanglézio Braga
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) atualizou sua lista de espécies exóticas invasoras e incluiu 290 espécies que estariam ameaçando os ecossistemas das unidades de conservação federais. Entre elas, dois tipos de tilápia africana — Oreochromis niloticus e Coptodon rendalli — chamaram a atenção por estarem presentes em mais de 90 áreas protegidas do país. O órgão reconhece a importância econômica da espécie e garante que não há planos imediatos de proibir o cultivo, mas a simples inclusão já acendeu o sinal de alerta no setor produtivo.
A tensão aumentou após o Ministério do Meio Ambiente apresentar uma minuta de proposta para a Comissão Nacional de Biodiversidade (Conabio), que sugere classificar a tilápia oficialmente como espécie exótica invasora. Se aprovada na reunião marcada para o dia 8 de novembro, a medida pode colocar a tilápia no mesmo grupo de controle do javali, um dos maiores inimigos da fauna brasileira.
Em entrevista, a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), disse que essa decisão carece de estudos técnicos sólidos e ameaça o sustento de milhares de famílias que vivem da atividade. Vale lembrar que o Brasil é hoje o quarto maior produtor de tilápia do mundo, com mais de 660 mil toneladas anuais, representando 68% de todo o pescado cultivado no país. O peixe encontra também no Acre é símbolo da segurança alimentar e movimenta uma ampla cadeia produtiva.
O Ministério do Meio Ambiente, por sua vez, explicou que a lista ainda está em fase de consulta e que eventuais medidas só serão aplicadas após análise técnica. Segundo a pasta, o objetivo é prevenir riscos ecológicos, e não proibir o cultivo.