Por Wanglézio Braga
Durante o lançamento do Plano Safra no Acre, nesta quinta-feira (4), o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Acre (Fetacre), Antônio Sergione, fez um discurso marcado por críticas e cobranças ao governo federal e às instituições financeiras. Segundo ele, apesar do aumento de recursos destinados à agricultura familiar, o acesso ao crédito continua sendo um dos maiores entraves para os produtores.
Antônio destacou que o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) é fruto de décadas de luta dos movimentos sociais, mas que, na prática, os agricultores enfrentam dificuldades para conseguir acessar os recursos anunciados. “Temos R$ 89 bilhões para a agricultura familiar, mas, quando vamos procurar o banco, sobra quase só o custeio, que não resolve nosso problema. O que alavanca a produção é o Pronaf Investimento, com prazos maiores para pagar”, afirmou.
Outro ponto polêmico levantado pelo dirigente foi a prática da chamada “venda casada” nos bancos, quando o produtor é obrigado a contratar consórcios, seguros ou outros produtos para ter acesso ao crédito. “A venda casada é ilegal. Mas, na hora que o produtor está no banco, ele acaba aceitando porque precisa do dinheiro. Isso precisa acabar”, protestou.
Mesmo reconhecendo avanços no volume de recursos destinados à agricultura familiar, o presidente da Fetacre disse que a burocracia e a falta de liberação ágil dos financiamentos impedem que os investimentos cheguem ao campo. “Poderíamos estar em festa, mas estamos de coração apertado. Precisamos que o MDA e os bancos abram as portas de verdade para os produtores familiares”, concluiu.