Por Wanglézio Braga
Durante o painel “Piscicultura na Amazônia – Inovação, pesquisa e caminhos sustentáveis para o setor”, realizado na tarde desta quinta-feira (27), a engenheira de pesca Luisa Cabral fez um alerta direto aos prefeitos e secretários municipais: sem um plano municipal de piscicultura, os avanços do setor continuarão limitados. Segundo ela, organizar a produção é fundamental para garantir escala, qualidade e planejamento, especialmente em regiões onde a atividade cresce sem padronização.
Luisa chamou atenção para um problema que considera estrutural: a divergência de dados e estudos sobre piscicultura em Rondônia e região. Para ela, essa falta de alinhamento dificulta políticas públicas, compromete investimentos e impede o estado de consolidar um pescado de qualidade para consumo local e exportação. A pesquisadora também foi firme ao criticar a prática comum de manter várias espécies juntas nos viveiros. “O produtor não precisa ter uma salada de frutas. Ele precisa identificar a espécie e fazer o manejo correto. É uma das receitas que dou para o sucesso do seu viveiro”, reforçou.
Segundo a engenheira, o manejo adequado deve ser acompanhado em todas as fases, com cuidado especial na alimentação e reprodução. Ela destaca que muitos problemas recorrentes em propriedades rurais começam justamente pela ausência de orientação técnica e pela adoção de práticas improvisadas. Com isso, a qualidade da psicultura fica comprometida.

Entre os avanços, Luisa ressaltou o Programa de Desenvolvimento da Aquicultura (Proaqua), que atua pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR) com apoio do Ministério da Pesca e Aquicultura junto a outros parceiros. A iniciativa atende pequenos e médios aquicultores por meio da Assistência Técnica Gerencial informatizada, que fortalece a gestão da produção e prepara o produtor para o mercado digital.
Ela também destacou o trabalho das Unidades de Desenvolvimento Produtivo, que implementam modelos inovadores, garantindo mais eficiência, rastreabilidade e sustentabilidade na cadeia do pescado. Para Luisa, este é o caminho para que a região se torne referência nacional em piscicultura organizada e competitiva.
