Da redação com informações da Agência Brasil 61
A 5ª Auditoria da Pesca Brasil revelou que a pesca no país sofre com a falta de dados confiáveis sobre os estoques pesqueiros e com os impactos cada vez mais severos da crise climática. O estudo mostra que 47% dos estoques não têm diagnóstico e, entre os avaliados, 68% estão sobrepescados. Além disso, mais de 90% carecem de plano de gestão atualizado, o que deixa o setor vulnerável a eventos extremos como secas históricas na Amazônia e excesso de chuvas no Sul, que já reduziram a produção e afetaram a subsistência de comunidades pesqueiras.
Apesar do aumento no orçamento do Ministério da Pesca em 2024, apenas uma pequena parte foi destinada a ações para garantir sustentabilidade e melhor gestão. Especialistas defendem a criação de um programa permanente de monitoramento e a aprovação do Projeto de Lei 4789/2024, que tornaria obrigatória a elaboração de planos de gestão e o acompanhamento sistemático dos estoques. A adaptação às mudanças climáticas, segundo os pesquisadores, é urgente e inevitável, e o custo de não agir poderá ser muito mais alto no futuro.
O relatório também evidencia que a gestão pesqueira brasileira é frágil e pouco preparada para lidar com as alterações ambientais já em curso. A elevação da temperatura da água, mudanças nas correntes marítimas e a alteração na salinidade estão afastando espécies e dificultando a reprodução de peixes que dependem de condições específicas. Essa perda de biodiversidade ameaça não apenas a segurança alimentar, mas também milhares de empregos diretos e indiretos ligados à pesca artesanal e industrial.
Além disso, a falta de monitoramento e transparência prejudica o controle social e a tomada de decisões estratégicas. Sem dados confiáveis sobre a produção e a situação real dos estoques, o país corre o risco de autorizar capturas insustentáveis, acelerando o esgotamento de recursos marinhos. Para especialistas, enfrentar essa realidade requer investimentos consistentes, integração entre ciência e gestão pública e políticas de longo prazo que unam sustentabilidade, adaptação climática e proteção dos meios de vida das comunidades pesqueiras.