Por Wanglézio Braga
A voz embargada e as lágrimas de Josenildo Mesquita, de 48 anos, marcaram o depoimento dele aos deputados estaduais nesta semana. Morador da zona rural de Xapuri, Josenildo foi um dos atingidos pela Operação Suçuarana, do ICMBio, e resumiu o sentimento que carrega desde então: humilhação e desespero. “Mexeram até na rotina da minha bebê. Eu me sinto pra baixo, só choro. Tiraram tudo o que eu tinha”, desabafou.
Com apenas a segunda série de escola concluída, Josenildo conta que viu sua vida desabar da noite para o dia. Segundo ele, no dia da operação, só tinha R$ 30 no bolso, enquanto precisava de R$ 48 para comprar uma lata de leite para a filha de apenas 1 ano e 1 mês. “Levaram meu gado, minhas coisas… quando eu cheguei em casa não tinha mais nada. Isso foi uma maldade muito grande”, lamentou.

Sem ter onde morar, o produtor rural agora vive de favores. Amigos e conhecidos iniciaram uma vaquinha para tentar comprar uma casa simples, apenas para garantir o mínimo de dignidade para a família. “Hoje estou na rua, dependendo de desconhecidos. Minha filha tá estressada, porque ela não tem costume de ficar andando de um lado para o outro desse jeito”, relatou, entre lágrimas.
Essa é uma das evidências reais dos impactos humanos das ações do ICMBio, que, segundo os produtores ” ignoraram por completo a realidade social de quem trabalha e vive da terra”.
