Da redação do Portal Acre Mais
Na noite ontem (28), a TV Gazeta, afiliada da Rede Record, realizou um importante debate entre os quatro candidatos à Prefeitura de Rio Branco: Marcus Alexandre (MDB), Emerson Jarude (NOVO), Tião Bocalom (PL) e Jenilson Leite (PSB). Embora os candidatos tenham discutido diversos temas, uma pauta crucial para o desenvolvimento econômico da capital acreana foi tratada com negligência: o agronegócio.
É alarmante que Rio Branco, uma cidade com potencial crescente no panorama do agronegócio, tenha visto o tema ser abordado de maneira tão superficial e sem a profundidade necessária. As trocas entre Bocalom e Leite foram os únicos momentos em que o agronegócio saiu da invisibilidade, mas ainda assim, a discussão foi rasa e carregada de trocas de acusações em vez de soluções concretas.
Bocalom defendeu sua gestão, afirmando que houve investimentos no agronegócio, mas Leite rebateu de forma certeira: o “Programa Produzir Para Empregar”, segundo ele, não conseguiu colher nem mesmo um quilo de arroz durante os quatro anos de administração. Leite levantou a necessidade de mecanizar a produção para alcançar escala comercial e gerar oportunidades com a agroindústria. Bocalom, por sua vez, respondeu que a prioridade deve ser os ramais e a assistência técnica para, então, colher os frutos. No entanto, a réplica de Leite foi direta e elucidativa: o ciclo de plantio do arroz dura 120 dias, enquanto o mandato de um prefeito dura quatro anos – tempo suficiente para apresentar resultados que a população não viu.
Essa troca, embora minimamente interessante, não foi suficiente para atender às expectativas de quem esperava um debate sério sobre o papel do agronegócio em Rio Branco. A Expoacre, por exemplo, que é uma vitrine fundamental para mostrar o potencial agrícola da capital e do estado, sequer contou com produtos da cidade, conforme ressaltado por Leite, destacando que a produção local ficou à margem, enquanto municípios do interior brilharam com culturas como o café.
A verdade incômoda é que o agronegócio, apesar de ser uma das maiores forças da economia do Brasil e vital para o desenvolvimento de regiões como o Acre, continua sendo tratado como pauta secundária nas discussões políticas da capital. E isso é um erro estratégico grave. Rio Branco tem condições não só de ser protagonista na produção agrícola, mas também de fortalecer a agroindústria, gerar empregos e melhorar a infraestrutura rural, que hoje é precária.
Os eleitores de Rio Branco merecem mais que discursos vagos. Precisam de candidatos comprometidos com o futuro da produção rural, com propostas robustas para o agronegócio, que invistam na mecanização, no desenvolvimento dos ramais e, principalmente, na criação de condições para que os pequenos e médios produtores prosperem.
É frustrante que, em um debate que deveria lançar luz sobre temas tão cruciais, o agronegócio tenha sido relegado ao segundo plano. Que a população de Rio Branco saiba cobrar, nas urnas, o compromisso que seus candidatos parecem evitar: o de transformar a capital em um verdadeiro polo agrícola, aproveitando suas terras férteis, a força de trabalho local e o enorme potencial econômico que se esconde por trás da falta de visão política.