Por Wanglézio Braga
Durante um painel realizado hoje (07) sobre sustentabilidade na produção cafeeira, o secretário de agricultura do Acre (SEAGRI), José Luís Tchê, fez um discurso contundente sobre os desafios e avanços da cafeicultura na Amazônia, destacando o papel transformador do café na vida de milhares de famílias rurais.
“Não podemos ter 45 mil famílias da agricultura familiar vivendo na linha da pobreza. O café chegou para dar dignidade ao produtor e à produtora”, afirmou Tchê. Ele relembrou o início da cultura cafeeira no Acre, ainda nas décadas de 1960 e 1970, quando mudas eram trazidas escondidas de outros estados. Hoje, o estado marca presença pelo segundo ano consecutivo na Semana Internacional do Café (SIC) com um estande próprio, mostrando resultados de uma cadeia produtiva que começa a gerar orgulho e renda.

O secretário também emocionou o público ao citar histórias reais, como a da produtora Gabriela Tavares, que deixou o trabalho de cuidadora de idosos para retornar à colônia e plantar café. “Ela voltou com o filho no colo para a roça, para produzir e mudar de vida. Esse é o verdadeiro retorno à terra”, destacou.
Durante sua fala, Tchê defendeu a sustentabilidade como pilar do desenvolvimento. Ele explicou que preservar a floresta tem alto custo e exige políticas públicas eficazes. “Temos mais de seis mil produtores com áreas embargadas e 85% do nosso território coberto por floresta. Não queremos mais desmatar, queremos recuperar”, disse, cobrando do Congresso Nacional mais recursos diretos para o campo. “Por que não carimbar emendas parlamentares para a agricultura? O produtor rural é o verdadeiro ambientalista”, indagou sendo aplaudido pelos presentes.
O gestor também apresentou iniciativas locais, como o programa Mecanizar Mais, que incentiva a mecanização agrícola e o armazenamento de água, e o programa de compra de mudas de viveiristas locais, aprovado pela Assembleia Legislativa do Acre (ALEAC), que estimula a economia regional e reduz perdas no transporte.
Ao encerrar sua participação, Tchê resumiu o espírito do Acre: “Somos um povo trabalhador e honesto, que sofreu por não poder produzir na Amazônia. Mas o exemplo está aí — o café nos deu voz, dignidade e um novo caminho de prosperidade”.

