Por Wanglézio Braga
Um desabafo direto das redes sociais para coração da Reserva Chico Mendes está repercutindo entre produtores rurais e antigos moradores da região. Francisco Costa, de 52 anos, natural de Xapuri, usou os comentários de uma publicação do Portal Acre Mais no Instagram para denunciar o que chamou de “repetição da história”, comparando os conflitos atuais com os enfrentamentos dos empates liderados por seringueiros nos anos 1980. “Naquele tempo o governo apoiava os fazendeiros. Hoje, é o próprio governo que reprime quem vive da floresta”, escreveu.
Francisco conta que viu de perto a luta dos pais e vizinhos para defender suas colocações, como eram chamadas as terras de moradia e trabalho dos seringueiros. Hoje, segundo ele, os antigos invasores viraram donos legalizados das terras, enquanto os filhos dos seringueiros continuam sem título e à margem de políticas públicas. “Estão condenados a viver como escravos do governo”, protestou.

O morador ainda cobrou diretamente da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que também é acreana. “Tenha vergonha! Apareça pra defender os seus conterrâneos”, pediu. A fala ganhou apoio de outros moradores que dizem viver sob pressão de operações federais dentro da reserva, sem direito a regularizar suas atividades nem acesso digno à produção rural sustentável.
O desabafo de Francisco escancara uma ferida antiga e mal resolvida: o abandono dos que ficaram na floresta para protegê-la e hoje sofrem com a falta de segurança jurídica, de estrutura e de reconhecimento. “Estamos em 2025, no mundo tecnológico, onde todos merecem usufruir do que bem entender. Mas aqui parece que o tempo parou pra quem vive da terra”, concluiu.