Por Wanglézio Braga / Fotos: Arquivo Pessoal
A Aldeia Boa União, localizada no baixo Rio Envira, no município de Feijó (AC), foi palco entre os dias 1º e 4 de agosto da 11ª edição do Festival Terra Indígena Katukina/Kaxinawá (Festival KATXANAWA HOHO IKA). O evento reuniu mais de 800 pessoas por dia, entre indígenas de diversas etnias e convidados de fora, numa verdadeira celebração da cultura, da agricultura e da espiritualidade do povo Huni Kuĩ. A festa se tornou referência na região por unir tradição, geração de renda e respeito à floresta.
O festival tem como base a agricultura familiar indígena, com destaque para cultivos como banana, macaxeira e mamão. Os moradores da aldeia, que não criam gado nem ovelhas por acreditarem que a natureza já oferece o suficiente para sua sobrevivência, consagram a celebração na floresta, pedindo fartura na colheita. Durante os quatro dias, os alimentos cultivados foram oferecidos à comunidade, como forma de partilha e valorização do trabalho coletivo.

Segundo Jucélio Huni Kuĩ, assessor de comunicação da aldeia, o evento é fundamental para fortalecer a produção local. “Esse festival é pra chamar a força do legume, pra que cada alimento cultivado dê bom fruto, que sirva pra comer, vender e nunca falte na aldeia. É uma tradição do nosso povo, que tem o propósito de garantir fartura, união e resistência”, explicou. Ele também destacou a importância da participação de não indígenas: “Isso reforça a troca de saberes, de experiências, e ajuda a mostrar o nosso trabalho”.

Presidente do Instituto Inova, Fritz Mendonça ao lado da família, acompanhou os festejos
Além de um espaço para trocas culturais, o festival também impulsiona o fortalecimento econômico das aldeias. Fritz Mendonça, presidente do Instituto Inova, esteve presente no evento ao lado da família e destacou a importância da celebração para o desenvolvimento sustentável. “Mais do que uma comemoração, é uma oportunidade de gerar renda, valorizar nossa cultura e construir caminhos para uma agricultura que respeite a floresta e as pessoas que nela vivem”, disse.
Durante os dias de festa, lideranças indígenas, jovens e anciãos compartilharam seus conhecimentos em rodas de conversa, apresentações culturais, danças tradicionais e feiras de produtos da floresta. O ambiente reforçou a integração entre as comunidades do Purus, incentivando o intercâmbio de experiências sobre a preservação ambiental e o fortalecimento da agricultura sustentável. “A cada ano, o Festival Terra Indígena Katukina/Kaxinawá vem se consolidando como um espaço de reafirmação cultural e fortalecimento das práticas agrícolas que respeitam os ciclos naturais”, contou Fritz.
