Por Wanglézio Braga
Há 35 anos, Antônio Alves, o Toinho, começou sua trajetória como tacacazeiro, um ofício que ele define como “o melhor serviço que existe”. Hoje, ele é conhecido como referência no Acre e recebe até turistas que por aqui passeiam para provar o famoso “Tacacá do Toinho”.
Toinho começou sua carreira sob a tutela de Dona Dora, uma conhecida tacacazeira de Rio Branco, e logo se destacou ao criar um tempero único. Ele lembra com carinho do início na Praça da PM [Praça da Revolução], onde ficou por 12 anos, e de como superou as dificuldades ao se mudar para a Praça dos Tocos [Ao lado do Fórum], onde ficou 17 anos. “Disseram que eu ia morrer de fome. Respondi: morro nada. O Deus daqui é o mesmo de lá [da Praça da Revolução]”, lembra.
Toinho é um dos tacacazeiros mais famosos do Acre/ Foto: Wanglézio Braga
Com o tacacá, ele sustenta sua família. Há alguns anos, montou sua cozinha no Mercado do Bosque onde continua a receber os clientes e realiza sonhos. “Comprei tudo que queria. Já tive dois carros, casa boa. Esse trabalho me deu tudo.” Apesar das dificuldades recentes, como a pandemia e mudanças nos espaços de venda, ele mantém a esperança de revitalizações da Praça do Fórum, conhecida como Praça dos Tocos, localizada na frente da Catedral, que considera essenciais para atrair turistas.
Toinho destaca que o segredo do sucesso não está apenas no sabor, mas na dedicação e no aprendizado. “Tenho 18 certificados do Senai, Sebrae e outros. Aprendi a importância de usar bons ingredientes e de manter a higiene, como não lavar cuias com certos produtos.” Ele também ressalta o papel do agro no tacacá: “Tudo vem da mandioca – tucupi, goma. A folha, o jambu é agro. O camarão não é do Acre, mas sempre é presente nos nossos pratos, acaba sendo nosso. De certo, o tacacá e a cara do agronegócio acreano, né?”.
Tacacá do Toinho: 35 Anos de Sucesso, Superação e Sabor
Com uma média de 50 litros de tacacá vendidos por dia e uma clientela que inclui blogueiros e atores famosos, Toinho tem histórias de sobra. Ele lembra de paraenses que, céticos, provaram seu tacacá e ficaram em silêncio antes de admitir: “É diferente. E é bom”.
Apesar de nunca ter provado tacacá de outros estados, ele confia no seu produto e no reconhecimento que conquistou. “Estou entre os melhores do Brasil e vou receber um certificado em Belém. Lá eles têm tacacá só no fim de semana; aqui, tem todo dia.”
Toinho aguarda o dia em que terá seu espaço revitalizado e promete continuar fazendo o que ama. “Graças a Deus, vivi o que queria. O tacacá me deu tudo, e é isso que vou fazer até o fim”, concluiu.
Toinho em sua cozinha no Mercado do Bosque/ Foto: Wanglézio Braga
