Por Wanglézio Braga
O prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom (PL), voltou a causar polêmica nesta terça-feira (15) ao ser questionado por uma jornalista sobre a devolução de R$ 1 milhão de emendas do Senador Alan Rick (UB) que seria destinado à construção de cinco casas de farinha na capital. Em tom ríspido e com declarações que soaram como desdém ao setor produtivo rural, o prefeito descartou a necessidade da obra e afirmou, categoricamente, que não se arrepende de ter rejeitado os recursos.
“Para que é que serve casa de farinha? Aqui em Rio Branco. Foram feitas um monte de casas de farinha aí que o governo financiou na época e nenhuma funciona”, disparou Bocalom, visivelmente impaciente, diante dos microfones da imprensa.
O clima esquentou quando, ao invés de esclarecer tecnicamente sua decisão, o prefeito adotou uma postura áspera ao se referir ao projeto, que tinha como objetivo beneficiar pequenos produtores de mandioca, sobretudo nas regiões rurais da capital.
“Esquece essa história de casas de farinha aí que tem aquele convênio. Aquilo ali é coisa antiga, não fui eu que pedi, foi outra turma que pediu. E não adianta, eu não vou fazer obras que não são funcionais, simplesmente para gastar o dinheiro. Entendeu?”, rebateu.
O prefeito também justificou que, em sua avaliação, as casas de farinha existentes são suficientes para atender à demanda local, apesar de inúmeras reclamações de produtores que trabalham em estruturas improvisadas ou ultrapassadas.
“Não estou arrependido. E sempre que eu sentir que o dinheiro não vai ser bem aproveitado, a gente vai devolver. Não é porque o dinheiro é de Brasília, porque o dinheiro de Brasília é nosso também. Então ele tem que ser bem gastado”, finalizou, sem abrir margem para discussão ou considerar o apelo de representantes do setor agrícola.
A declaração ocorre em meio a uma onda de críticas ao gestor, sobretudo após o senador Alan Rick (UB) — autor da emenda de R$ 1 milhão para o projeto — ter classificado a devolução como “um retrocesso” e “um descaso com o pequeno produtor”. Rick ainda afirmou que os produtores “sonham em sair das casas improvisadas e artesanais” e que seguirá lutando para garantir a estrutura necessária à cadeia da mandioca, com ou sem apoio da prefeitura.
O tom da fala de Bocalom também gerou incômodo entre profissionais da imprensa presentes. O que deveria ser uma entrevista rotineira acabou expondo um lado impaciente do gestor, em contraste com o discurso mais polido e institucional que costuma adotar publicamente.
Enquanto o prefeito insiste que a obra não é funcional, na zona rural de Rio Branco, onde a farinha de mandioca ainda é base de sustento para muitas famílias, a declaração foi vista como um verdadeiro “banho de água fria”. E em ano pré-eleitoral, a fala pode pesar mais do que qualquer obra inacabada.