Foto ilustração: Pedro Devanir/ Agência de Notícias do Acre
O que era para ser o grande momento de abertura da Expoacre 2025 virou motivo de frustração. A Cavalgada, tradição que simboliza o elo entre o homem do campo e a cidade, vem perdendo sua essência ano após ano. E este ano, infelizmente, a situação beirou o vexame. Exigências excessivas por parte do poder público, excesso de fiscalização e um distanciamento cada vez maior das origens da festa transformaram a tradicional celebração em uma marcha morna, burocrática e desanimada.
A burocracia começa antes mesmo da sela ser colocada no cavalo. Os participantes precisam enfrentar um emaranhado de exigências, desde exames veterinários obrigatórios até autorizações específicas, tudo isso somado ao alto custo do transporte dos animais. Em média, um cavaleiro gasta quase R$ 700 com documentação, sem contar o frete, alimentação, roupas típicas e bebidas. E, como se não bastasse, ainda corre o risco de ser criminalizado por supostas “imagens sensíveis” que podem desagradar ONGs e ativistas de plantão, mesmo em um evento que, historicamente, celebra a cultura rural.
As imagens divulgadas na grande mídia até tentam vender uma grandiosidade que, na prática, não se viu. Quem esteve ao longo da Avenida Chico Mendes neste sábado (26) presenciou outra realidade: poucos cavalos, nenhuma boiada, e um trio elétrico sem energia. Nada lembrava a euforia das cavalgadas de anos atrás, quando produtores rurais, comitivas, famílias inteiras e empresários faziam do desfile um verdadeiro espetáculo de força, alegria e identidade na abertura da Expoacre.
Há um bom tempo este portal sugere ao governo repensar a Cavalgada, ouvir os atores do agro e retomar o espírito da festa: ser uma celebração popular, vibrante, genuína. Do jeito que está, a Cavalgada agoniza, perdendo o prestígio que levou décadas para construir. Se a proposta for continuar assim, melhor ser honesto com o povo e decretar o fim da festividade. Mas se ainda há coragem de fazer justiça ao agro e ao povo acreano, 2026 precisa ser diferente — ou, mais uma vez, ficarão só as saudades.