Por Wanglézio Braga/ Fotos: Arquivo Pessoal Thiago Oliveira
Uma ameaça desconhecida está colocando em risco as plantações de mamão em Mâncio Lima, no Vale do Juruá. Os dois maiores cultivos comerciais da região foram afetados por uma doença ainda sem identificação, deixando produtores apreensivos e mobilizando pesquisadores da Universidade Federal do Acre (UFAC) e da Secretaria de Estado de Agricultura (Seagri).
PESQUISADORES INICIAM INVESTIGAÇÃO
Diante do surto, o agrônomo Genilson Maia, da Secretaria Estadual de Agricultura (Seagri), e o fitopatologista Thiago Oliveira, da UFAC – Campus Floresta, visitaram duas propriedades atingidas para coletar amostras e levantar informações sobre os sintomas da doença. O objetivo é identificar a origem do problema e buscar estratégias para minimizar os danos.
Os especialistas suspeitam que a doença possa ser causada por fungos, bactérias ou vírus, mas, até o momento, não há um diagnóstico conclusivo. “Foram coletados materiais com sintomas característicos da doença. Possivelmente, temos um caso relacionado a fungos, bactérias ou vírus, já que esses agentes costumam causar grandes impactos na agricultura”, explica o pesquisador.

DIAGNÓSTICO DEPENDE DE ANÁLISES EXTERNAS
Um dos maiores desafios enfrentados na investigação é a falta de laboratórios especializados em biologia molecular no Acre. Sem essa estrutura, as amostras precisam ser enviadas para instituições parceiras, como o Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro), o que pode atrasar a obtenção de respostas.
“Infelizmente, a UFAC não dispõe de infraestrutura adequada para esse tipo de análise. Estamos dependendo de laboratórios externos, o que pode levar de 20 a 30 dias para termos um diagnóstico preciso”, ressalta Thiago.
USO INADEQUADO DE AGROQUÍMICOS PODE AGRAVAR A SITUAÇÃO
Enquanto aguardam respostas, os produtores se deparam com outro desafio: o risco de aplicar defensivos agrícolas sem uma orientação técnica adequada. O uso indiscriminado de fungicidas e inseticidas pode não só ser ineficaz contra a doença, mas também gerar prejuízos financeiros e impactos ambientais significativos.
“É essencial que o diagnóstico seja preciso antes de qualquer aplicação de agroquímicos. O uso indevido de produtos pode resultar em desperdício de dinheiro e contaminação do solo e dos lençóis freáticos. Além disso, há risco de danos à saúde dos consumidores”, alerta Oliveira.

IMPACTOS NA ECONOMIA LOCAL
O mamão das variedades solo e formosa, que são as mais afetadas pela doença, tem grande importância econômica para a região. A redução na produção pode afetar não apenas os agricultores, mas toda a cadeia de abastecimento e comercialização.
Os produtores aguardam ansiosos por um diagnóstico e por medidas eficazes para conter a disseminação da doença. Enquanto isso, UFAC e Seagri seguem monitorando a situação e buscando respostas para evitar que o surto se alastre ainda mais.