Por Wanglézio Braga
Entre final de julho, e nos meses de agosto e setembro, o Mercado Elias Mansour recebe um sabor especial: licores feitos de frutas tropicais como o açaí nativo da Bolívia, além do buriti e do patoá ou patauá (Oenocarpus bataua) vindos de Cruzeiro do Sul. Mas para chegar até algumas bancas de Rio Branco, o caminho não é nada fácil. A logística envolve estradas longas, atravessando municípios, com distâncias que impressionam até quem já vive no batente do campo.
O açaí boliviano, por exemplo, cruza a fronteira por Cobija, entra no Acre por municípios vizinhos e é batido em fábricas locais. Da cidade boliviana até Rio Branco, são em média 230 quilômetros de viagem. Já o açaí de Feijó não chega à capital neste período, porque os produtores priorizam o Festival do Açaí, mantendo toda a produção na região. Até mesmo os de Tarauacá acabam recolhidos para abastecer Feijó.

No caso do buriti e do patoá, a origem é Cruzeiro do Sul. De lá até Rio Branco, a distância passa dos 630 quilômetros pela BR-364, numa viagem que pode durar mais de 16 horas de estrada, dependendo das condições da rodovia. Esse percurso mostra o quanto é desafiador levar o sabor da floresta até o consumidor da capital.
Na entressafra, quando o Acre não consegue suprir a demanda, a alternativa vem das fazendas de açaí de Porto Velho, na região do Abunã, a cerca de 270 quilômetros de Rio Branco. Essa rede de percursos mostra como o açaí e outras frutas amazônicas mobilizam produtores, atravessadores e comerciantes, garantindo que o produto chegue fresco, mesmo depois de tantas horas de viagem.