Por Wanglézio Braga
Em um discurso forte e direto durante um painel do Festival Internacional da Castanha realizado hoje (22), o presidente do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), Júlio Barbosa, fez uma denúncia preocupante: enquanto o Acre é um dos maiores produtores de alimentos naturais da Amazônia, os alunos das escolas públicas continuam se alimentando de produtos enlatados.
“É inaceitável que, em pleno século XXI, nossas crianças estejam consumindo comida industrializada, quando temos castanha, pescado, açaí, mel e tantos outros produtos regionais que poderiam estar na merenda escolar”, afirmou Barbosa.
A legislação determina que pelo menos 30% dos alimentos da merenda sejam adquiridos da agricultura familiar, mas, segundo o líder extrativista, essa regra não está sendo cumprida como deveria. Ele destacou que a alimentação escolar baseada em produtos locais não só garante mais qualidade nutricional para os alunos, mas também fortalece a economia regional e valoriza os produtores que vivem da biodiversidade amazônica.
“Se o governo e as prefeituras cumprissem essa política corretamente, estaríamos incentivando a produção sustentável, gerando renda para quem vive da floresta e oferecendo refeições mais saudáveis para nossas crianças”, reforçou.
O alerta de Barbosa reacende um debate essencial: por que um estado tão rico em recursos naturais ainda importa alimentos industrializados para a merenda escolar? A questão foi lançada ao público e às autoridades presentes no evento, e agora resta saber quais medidas serão tomadas para corrigir essa contradição.