Por Wanglézio Braga
A presidente da Cooperativa Agroextrativista Santa Fé (Copace), Nilva da Cunha de Lima, fez um alerta preocupante sobre os desafios enfrentados pelos produtores rurais de Capixaba. Em entrevista ao Portal Acre Mais, ela revelou que a falta de exportação para mercados externos e a demora do governo em iniciar as compras da produção têm gerado desânimo e prejuízos incalculáveis para os trabalhadores do setor.
“O produtor está triste, sem esperança. Estamos no mês de fevereiro e até agora o governo não começou a comprar. Nossa câmara fria só suporta até o dia 27. Depois disso, se não houver um destino para os produtos, vamos ter que suspender as entregas por 30 dias. Imagina um produtor que entrega 5 ou 10 mil toneladas ficar um mês sem vender? O prejuízo pode ser irreversível”, desabafou Nilva.
Outro problema grave enfrentado pelos produtores é a ação dos atravessadores, que compram a castanha e o maracujá sem a emissão de nota fiscal, atraindo trabalhadores com preços aparentemente mais altos.
“O atravessador paga mais, mas o produtor perde muito no longo prazo. Quando ele vende para a cooperativa, recebe a nota fiscal, que para nós é como um contracheque. Com ela, ele pode comprar uma moto, uma televisão ou até um carro. Já tivemos um produtor que conseguiu financiar um Gol zerado só com as notas fiscais das suas entregas”, explicou.
Nilva destacou que a Copace se tornou referência na produção de maracujá em Capixaba, com entregas que somam 20 mil toneladas. No entanto, sem um mercado sólido para escoar a produção, há o risco de muitos produtores abandonarem suas plantações. “Meu medo é que, sem perspectiva de venda, o produtor acabe cortando os pés de maracujá e desista da cultura”, lamentou.