Por Marcela Jansen, do Correio Online/ Com informações do Portal UOL
O primeiro mês de vigência do tarifaço imposto pelo presidente norte-americano Donald Trump trouxe um impacto imediato nas exportações brasileiras. Dados da balança comercial de agosto mostram que 21 dos 27 estados, incluindo o Distrito Federal, venderam menos para os Estados Unidos em comparação com julho. Entre os mais afetados estão cinco estados do Nordeste e um do Norte, o Acre, que lidera as perdas proporcionais.
Em julho, o Acre havia exportado pouco mais de US$ 74 mil em madeira, carvão vegetal e derivados. Em agosto, o valor caiu para zero, deixando o estado no topo da lista das maiores quedas percentuais. No Nordeste, o destaque negativo foi Alagoas, que depende fortemente da venda de açúcar para os EUA. O produto ficou fora da lista de isenções e puxou uma redução de quase 100% nas vendas do estado. Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Ceará também sentiram os efeitos da sobretaxa, com reduções que variaram de 69% a 80% em apenas um mês.
Embora a maior perda proporcional tenha sido registrada pelo Acre, em termos absolutos quem mais sentiu foi São Paulo. O estado exportou US$ 1,39 bilhão em julho, mas em agosto esse valor caiu para menos de US$ 960 milhões, uma redução de mais de US$ 400 milhões em um único mês. Minas Gerais, Ceará, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul também aparecem entre os maiores recuos em valores.
Entre os produtos mais afetados pelo tarifaço estão o minério de ferro, que praticamente deixou de ser embarcado para os EUA, o açúcar, com queda de 88%, além de aeronaves, máquinas, carne bovina fresca, madeira e celulose.

No Nordeste, o impacto foi tão forte que o Ceará, estado com maior dependência das exportações para os Estados Unidos, decretou situação de emergência e anunciou medidas de apoio a exportadores. No primeiro semestre deste ano, mais da metade das vendas externas cearenses tinham os EUA como destino.
Apesar das perdas com o mercado norte-americano, a balança comercial brasileira fechou agosto com superávit de US$ 6,1 bilhões, resultado puxado pela agropecuária e pela indústria extrativista. Em comparação ao mesmo mês de 2024, houve crescimento de quase 4%. Ainda assim, as exportações para os EUA recuaram 18,5% no período, deixando claro o peso da nova tarifa para os produtores e indústrias do país.