Por Wanglézio Braga
O aroma das ervas amazônicas invadiu o Festival Internacional da Castanha, realizado no último final de em Epitaciolândia. Entre os estandes, um chamou atenção dos visitantes: a exposição de chás e ervas medicinais liderada por Francisco Antrobos, empreendedor que tem transformado a relação entre tradição e modernidade por meio da bioeconomia.
Francisco é fundador da Arvo, empresa sediada em Rio Branco, que nasceu com o propósito de industrializar e comercializar ervas tradicionais da floresta, conectando a sabedoria dos povos extrativistas ao mercado consumidor. “A ideia surgiu para fazer a bioeconomia acontecer de forma profissional e comercial. Nosso objetivo é levar substâncias orgânicas, embaladas corretamente, aos supermercados e comércios. Muitas pessoas, especialmente da nova geração e até mesmo idosos que se distanciaram das práticas tradicionais ao migrarem para as cidades, perderam o acesso a esses produtos”, explicou o empreendedor.

O catálogo da empresa inclui ervas como jatobá, cerejeira – popularmente conhecida como cumarú-de-cheiro – e embaúba, planta que Francisco destaca como uma das mais promissoras para a saúde. “A embaúba sempre esteve presente, mas era subestimada. Agora estamos mostrando sua importância e ampliando o acesso da população a esses recursos naturais”, disse.
O processo produtivo da Arvo é um reflexo do compromisso com a sustentabilidade. As matérias-primas são adquiridas em parceria com comunidades tradicionais, extrativistas e até serrarias locais que doam cascas e folhas. “Esse trabalho coletivo ajuda a aquecer a economia e, mais importante, oferece uma fonte de renda para quem vive na zona rural. Nosso sonho é que esses trabalhadores vejam, no extrativismo responsável, uma oportunidade de sustento digno”, destacou Francisco.
Apesar do entusiasmo, ele reconhece os desafios. “O mercado ainda é pequeno e precisa de mais incentivo, especialmente em marketing e acesso a exposições. Estamos batalhando para colocar esses produtos nas prateleiras e, assim, resgatar um consumo que é benéfico para a saúde e para a segurança alimentar das pessoas”, afirmou.

Ao caminhar pelo festival, era impossível não notar a curiosidade dos visitantes diante das infusões oferecidas pela Árvore. “Esse tipo de evento é essencial para abrir portas e mostrar que a Amazônia tem muito a oferecer, de forma sustentável e com respeito às tradições”, finalizou Francisco, com o olhar esperançoso de quem acredita no potencial da floresta e das pessoas que dela vivem.