Por Wanglézio Braga
A segunda-feira (17) começou com ruas desertas, mas não vazias. Em cada esquina de Cobija, capital do Departamento de Pando, na Bolívia, grupos de pessoas caminhavam apressadas, arrastando malas, mochilas e bolsas. Sem transporte público e com táxis cobrando preços exorbitantes, quem precisava chegar ao aeroporto teve que encarar uma verdadeira maratona a pé.
A paralisação dos transportes, motivada pelos protestos contra a crise econômica boliviana, pegou muitos brasileiros de surpresa. Passageiros que tinham voos marcados foram obrigados a percorrer quilômetros a pé, enfrentando o calor intenso da Amazônia. Alguns até conseguiram embarcar, mas muitos não tiveram a mesma sorte e foram obrigados a retornar no meio do trajeto, perdendo suas passagens e compromissos.
“Eu saí de Brasileia às 5h da manhã para pegar um voo para La Paz. Quando cheguei em Cobija, vi que tudo estava parado. Andei mais de uma hora, mas não deu tempo. Voltei para casa, perdi a viagem e o dinheiro da passagem”, lamentou o estudante Pablo Ricardo Soares.
O bloqueio, que começou no início da manhã, deixou a cidade sem qualquer meio de transporte regular. Mototaxistas e taxistas aproveitaram a escassez para aumentar os preços, e as corridas sempre longe da zona central, epicentro dos protestos. Uma corrida que normalmente custava B$ 10 bolivianos chegou a ser cobrada por até B$ 30 bolivianos, um aumento de 200%. Mesmo assim, encontrar um motorista disposto a furar os bloqueios era quase impossível.
Os protestos em Cobija foram organizados por sindicatos e associações que denunciam a crise no abastecimento de combustível, a inflação descontrolada e o alto custo da cesta básica. Com as vias fechadas, o impacto se estendeu além dos passageiros, afetando o comércio e o fluxo de mercadorias na fronteira com o Brasil. Até o momento, não há previsão para o fim da paralisação, deixando quem precisa cruzar a fronteira em um dilema: pagar caro pelo pouco transporte disponível ou encarar longas caminhadas para chegar ao destino.
