Por Wanglézio Braga
Na feira de Epitaciolândia, entre barracas de frutas, verduras e especiarias regionais, uma pequena banca tem chamado atenção pelo alto volume de vendas de um produto peculiar: a cabacinha. A planta medicinal, usada há gerações como remédio natural para diversas enfermidades, tornou-se o carro-chefe da comerciante Rosimira Souza, que há 17 anos trabalha no local.
“Serve para sinusite, em especial. O povo mais antigo usa dentro do álcool para ficar inalando, passa a dor de cabeça, serve para machucados e até misturam com jucá para tomar. Hoje, com os estudos avançados, fazem gotinha para usar antes de dormir”, explica Rosimira. Só neste mês, mais de 200 sacolas de cabacinha foram vendidas, um número expressivo para um produto que nem sempre é fácil de encontrar.
A cabacinha [Luffa operculata] , pertencente à família Cucurbitaceae, é conhecida em outras regiões como buchinha, purga-de-jalapa ou purga-dos-paulistas. Seu fruto é amplamente utilizado na medicina popular como purgante, descongestionante nasal e até mesmo para tratar problemas menstruais.
Na Amazônia, além do uso humano, a cabacinha também tem uma clientela inusitada: os criadores de cavalos. Muitos frequentam a feira de Epitaciolândia em busca da planta para tratar a gripe equina. “Dizem que combate a gripe, o resfriado dos cavalos. Se é ou não é, o importante é procurar um profissional veterinário “, comenta Rosimira. A peça é vendida a R$ 2, um preço acessível para um remédio natural que atravessa gerações e continua presente no dia a dia da população.
Rosimira alerta que a cabacinha não é fácil de ser encontrada. A planta cresce principalmente em áreas de mata fechada, o que torna sua colheita um desafio. Ainda assim, sua procura só aumenta, mostrando que a tradição dos remédios naturais continua forte na região.