Por Wanglézio Braga
O sonho do desenvolvimento sustentável na Reserva Extrativista Chico Mendes está cada vez mais distante. Durante um debate no Festival Internacional da Castanha, realizado hoje (22), o presidente da Associação Amorprebe, Romário Campelo, fez um desabafo contundente sobre a morosidade e os entraves burocráticos que impedem os extrativistas de acessarem linhas de crédito rural.
“Nos prometeram milhões, mas o que temos na prática são anos de espera e frustração”, disse Campelo. Ele destacou que, enquanto grandes fazendeiros conseguem financiamentos milionários para atividades de impacto ambiental, os moradores das reservas lutam há quatro anos para acessar programas como Crédito Rural e de Fomento, sem sucesso. A situação, segundo ele, chega a ser paradoxal.
“Se tem alguém que sabe cuidar da floresta, somos nós, os extrativistas. Mas sem condições mínimas de sobrevivência, como podemos continuar protegendo o meio ambiente?”, questionou.
Campelo citou que muitos moradores esperam há dois anos para conseguir autorização de construção de pequenos açudes e tanques de criação, travados pela burocracia dos órgãos ambientais. O apelo foi direcionado às autoridades presentes, incluindo representantes do governo federal.
“Precisamos de apoio real, não apenas discursos. Queremos preservar a floresta, mas também garantir uma vida digna para quem vive dela”, concluiu Campelo.