ARTIGO: A fruticultura acreana – potencial latente barrado por gargalos estruturais e simplórios

Por Wanglézio Braga *

O Acre, rico em biodiversidade e com um potencial agrícola invejável, ainda enfrenta sérios desafios para consolidar a fruticultura como um pilar econômico sólido. Apesar de o setor contar com empresas e cooperativas trabalhando em sua capacidade máxima, a ausência de uma infraestrutura adequada e a falta de planejamento estratégico impedem a expansão e a competitividade dessa cadeia produtiva. 

Um dos exemplos mais emblemáticos é a produção de polpas de açaí, frequentemente prejudicada pela falta de insumos locais em períodos cruciais. A necessidade de recorrer a produtos de outras regiões, como a capital Porto Velho, onde o açaí é cultivado em fazendas, expõe a fragilidade do mercado interno acreano. Isso não apenas encarece o produto, mas também dificulta a conquista de novos mercados, especialmente internacionais.

Em evento recente promovido pelo Fórum Empresarial de Inovação e Desenvolvimento do Acre, realizado no auditório do Seabre-AC, as empresas do setor apontaram um conjunto de problemas que precisam ser enfrentados com urgência. 

Entre os entraves mais graves estão a ausência de mapeamento e zoneamento das áreas produtoras, a inexistência de laboratórios para análises que garantam a qualidade e a falta de insumos básicos, como embalagens e plásticos. Além disso, questões como o acesso limitado a áreas produtoras, a falta de água de qualidade para irrigação e a inexistência de cadeias de frio comprometem diretamente a produtividade e a qualidade dos produtos. Para piorar, as práticas inadequadas de colheita e pós-colheita resultam em perdas significativas, enquanto a insuficiência de tecnologia e investimentos em qualificação técnica perpetuam a baixa competitividade. 

Resolver esses gargalos exigirá uma articulação robusta entre governo, iniciativa privada e organizações de produtores. Investir em infraestrutura, capacitação e modernização das práticas agrícolas não é apenas uma necessidade local, mas um passo fundamental para que o Acre possa explorar mercados internacionais, como o asiático, utilizando o Porto de Chancay, no Peru, como ponte para exportações. É preciso pensar grande e agir com agilidade, sob o risco de desperdiçar o imenso potencial da fruticultura acreana. 

Para superar os gargalos enfrentados pelo setor da fruticultura no Acre, é essencial adotar medidas que integrem planejamento estratégico, inovação e políticas públicas voltadas para a modernização e o fortalecimento da cadeia produtiva. Em suma, os presentes apontaram os problemas e as resoluções:

1. Zoneamento e mapeamento agrícola

  • Realizar o zoneamento agroecológico para identificar as culturas mais adequadas a cada região do Acre.
  • Criar um mapeamento atualizado de áreas produtoras, facilitando o planejamento, a distribuição de insumos e o acesso ao mercado.

2. Infraestrutura e logística

  • Construir e modernizar estradas vicinais para melhorar o acesso às áreas produtoras.
  • Desenvolver cadeias de frios regionais para garantir a conservação das frutas e seus derivados, especialmente para exportação.

3. Capacitação e tecnologia

  • Oferecer cursos técnicos e workshops para produtores e cooperativas sobre boas práticas agrícolas, colheita e manejo pós-colheita.
  • Investir na adoção de tecnologias modernas, como irrigação eficiente, drones para monitoramento de safras e sistemas de gestão agrícola.

4. Laboratórios e controle de qualidade

  • Implantar laboratórios credenciados no estado para análises físicas, químicas e microbiológicas das frutas e derivados, assegurando a qualidade exigida por mercados internacionais.
  • Estabelecer padrões de certificação para exportação, alinhados às exigências de países como os da Ásia.

5. Insumos e apoio à produção

  • Garantir acesso contínuo a insumos básicos, como sementes de alta qualidade, plásticos e embalagens, por meio de incentivos fiscais ou criação de polos de distribuição no estado.
  • Fortalecer viveiros para produção de mudas em escala suficiente para atender à demanda local.

6. Energia e recursos hídricos

  • Investir em projetos de geração de energia sustentável, como solar e biomassa, para áreas rurais.
  • Desenvolver sistemas de captação e distribuição de água de qualidade para irrigação.

7. Parcerias e incentivos

  • Firmar parcerias público-privadas para financiar melhorias no setor.
  • Criar linhas de crédito específicas para produtores de frutas e cooperativas, com taxas de juros acessíveis.

8. Exportação

  • Estabelecer acordos com o governo peruano para facilitar o uso do Porto de Chancay, simplificando a logística de exportação.
  • Criar um programa estadual de incentivo à exportação, com suporte técnico e financeiro para produtores interessados em explorar mercados internacionais.

Com um planejamento estruturado e a união de esforços entre governo, empresas e produtores, o Acre pode transformar sua fruticultura em uma potência econômica, beneficiando não apenas o mercado interno, mas também conquistando espaço no cenário global.

* Wanglézio Braga é jornalista, atua na imprensa regional há 14 anos. É editor-chefe do Portal Acre.

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