Por Wanglézio Braga
Apesar de boas intenções, a criação da APROSOJA no Acre ficou só no papel — pelo menos por enquanto. Neste sábado (02), durante evento na Casa do Produtor na Expoacre 2025, agricultores que apostam no cultivo da soja se reuniram para debater os caminhos da sojicultura no estado. Palestras com o pesquisador da Embrapa, Judson Valentim, e o diretor da APROSOJA Rondônia, Victor Paiva, animaram o público, mas ao final do encontro, ficou claro que a associação acreana ainda depende de muitos “se” para sair do chão.
Segundo o presidente da FAEAC, Assuero Veronez, o Acre, por ora, apenas receberá o apoio da entidade de Rondônia, funcionando como uma extensão informal. A ideia, segundo ele, é preparar o terreno para uma futura APROSOJA-AC, o que depende diretamente da mobilização dos próprios sojicultores locais. Veronez criticou duramente a repressão ambiental no estado, que, segundo ele, afasta investimentos e dificulta o avanço do setor. “A soja é hoje o segundo item mais exportado pelo Acre. Mas sem segurança jurídica e apoio, quem vai querer investir?”, questionou.
Victor Paiva reforçou que a APROSOJA não tem ligação política e que seu foco é o cooperativismo e a defesa dos produtores. Ele apresentou o modelo de funcionamento da associação e os desafios enfrentados em Rondônia, que são semelhantes aos do Acre. Para ele, a união dos produtores é o primeiro passo para organizar uma representação sólida e específica para o setor da soja no estado vizinho.
No entanto, sem nomes definidos, sem diretoria provisória e com tantos obstáculos no caminho, o que se viu no evento foi mais um ensaio do que uma implantação. A vontade existe, mas a realidade ainda impõe barreiras. O futuro da APROSOJA no Acre dependerá, acima de tudo, da coragem e da união de quem insiste em plantar mesmo em solo de incertezas.