Por Wanglézio Braga
Da lavoura à xícara, o café de Luiz Souza de Oliveira carrega o sabor do esforço e da dedicação. Aos 69 anos, o produtor rural de Manoel Urbano faz sozinho todo o processo da bebida que encanta o paladar acreano. Ele planta, cuida da lavoura, colhe, torra, mói, empacota e vende o próprio café, resultado de um trabalho artesanal e cheio de paixão. Recentemente, Luiz viajou até Rio Branco para comercializar a produção, que vem sendo bem recebida pelos consumidores.
Em seu primeiro ano de colheita, Luiz plantou 900 pés de café clonal. O resultado foi animador: 264 sacas na palha, das quais 64 foram beneficiadas. Com o café moído e torrado, ele vende meio quilo por R$ 30 reais, em embalagens simples, mas com um aroma marcante e natural. A produção é pequena, mas suficiente para mostrar que o pequeno produtor tem espaço no mercado, principalmente quando o produto vem com qualidade e dedicação.
Sem assistência técnica ou acompanhamento de especialistas, Luiz usa adubo natural, como esterco de boi, e cuida pessoalmente da irrigação. “Eu mesmo faço tudo, o que tá faltando é assistência. Tenho prática, mas pouca experiência. Estou me aperfeiçoando agora principalmente nessa área administrativa, mais burocrática”, contou com orgulho.
Mesmo com as dificuldades, ele acredita no potencial do café acreano e na força do trabalho de quem vive da terra. “O que mais sinto falta é de alguém pra orientar, mostrar o caminho certo. A gente faz tudo na raça, com o que aprendeu na lida”, disse o agricultor. Apesar dos desafios, ele afirma que o café lhe trouxe um novo ânimo. “É um prazer ver o café crescendo, cheirando no torrador, e depois o pessoal elogiando o sabor. Isso não tem preço”, confessou.
