Por Wanglézio Braga
Com o prazo para a Declaração de Rebanho 2024 chegando ao fim, apenas 60% das propriedades rurais do Acre realizaram o procedimento obrigatório até agora. A campanha, promovida pelo Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (IDAF), teve início em 1º de outubro e se encerra no próximo dia 2 de dezembro.
A declaração é fundamental para manter o controle sanitário dos animais de produção, incluindo bois, búfalos, cabras, ovinos, suínos, aves e até mesmo abelhas — novidade introduzida este ano. Porém, a baixa adesão preocupa, especialmente diante das sanções previstas para quem não cumprir a obrigatoriedade.
Em entrevista ao Portal Acre Mais, o médico veterinário do IDAF preferiu não comentar as razões para a adesão modesta, mas destacou as penalidades enfrentadas pelos produtores inadimplentes. Entre elas, está o bloqueio no cadastro, que impede a emissão da Guia de Trânsito Animal (GTA), essencial para a compra e venda de animais.
“É importante o produtor evitar transtornos. Ao não declarar, ele fica impossibilitado de comercializar seus animais e atualizar o saldo do rebanho, o que impacta diretamente no controle sanitário estadual”, alertou o representante do IDAF.
Apesar dos esforços, que incluem campanhas em rádio e televisão, cerca de 40% das propriedades ainda não realizaram a declaração, o que representa um desafio significativo. Com mais de 19.700 propriedades já cadastradas, o órgão trabalha para alcançar 100% de adesão, mas a meta parece cada vez mais distante.
A responsabilidade é coletiva, mas falta ação efetiva
A Declaração de Rebanho é um passo essencial para o fortalecimento do agronegócio no Acre, garantindo a rastreabilidade e a sanidade animal, fatores indispensáveis para exportações e sustentabilidade do setor. Contudo, a baixa adesão evidencia falhas na comunicação e no engajamento dos produtores, além de uma possível desconexão entre o IDAF e as realidades do campo.
Enquanto isso, muitos pequenos produtores relatam dificuldades em acessar unidades do IDAF ou obter informações claras sobre o procedimento. A falta de alternativas digitais ou itinerantes para a realização do cadastro também é apontada como um obstáculo.
Se a meta de 100% não for atingida, as consequências podem ir além das sanções individuais, colocando em risco a reputação sanitária do estado e sua competitividade no cenário nacional e internacional.
O prazo está correndo, e a pergunta que permanece é: será que o governo está disposto a enfrentar os desafios reais do campo para alcançar os resultados desejados? Sem ações mais concretas, a campanha corre o risco de fracassar em sua missão principal: proteger o setor agropecuário do Acre.