Por Marcela Jansen
Na edição histórica dos 50 anos da Expoacre, um dos grandes destaques não veio do palco principal nem dos shows nacionais, mas sim da pista de julgamento. Foi ali, sob o olhar criterioso de especialistas e criadores veteranos, que a raça Sindi consolidou seu espaço como símbolo de excelência genética e adaptabilidade na pecuária do Acre.
Com participação de oito criatórios locais, os animais Sindi chamaram atenção pela qualidade, imponência e comportamento em pista. A raça, originária do Paquistão, tem se mostrado perfeitamente ajustada ao clima amazônico e, com isso, ganha terreno como uma das apostas mais promissoras da pecuária de corte e leite no estado.

Durante o julgamento, os critérios aplicados exigiram mais que boa aparência: conformação racial, estrutura física, docilidade, desempenho reprodutivo e precocidade foram itens avaliados com rigor técnico. Embora o nível dos animais tenha sido elevado, também houve cortes. Um dos exemplares, por exemplo, foi retirado da disputa por comportamento incompatível com o padrão da raça — um indicativo da seriedade da seleção.
Entre os expositores, Valmir Ribeiro é nome recorrente. Criador experiente e fiel à feira desde 1992, ele levou 60 animais de diferentes raças, incluindo campeões da Sindi. “É um trabalho construído dia após dia. A base é genética, mas a continuidade depende de investimento em ciência e manejo. Temos matrizes que já passaram dos 100 filhos com uso da FIV, e ainda têm muitos anos produtivos pela frente”, relatou.

A rusticidade da Sindi é outro trunfo. Ao contrário de raças mais exigentes, ela se adapta bem a variações climáticas, demanda menos suplementação alimentar e apresenta alta eficiência reprodutiva. Características como essas têm impulsionado seu crescimento no Acre — onde o bioma exige resiliência tanto do produtor quanto do rebanho.