Por Wanglézio Braga
Ele não cria gado, não planta roça e nunca tocou num curral, mas chama atenção por onde passa na Expoacre. Eurico Barroso, de 52 anos, é figura conhecida no Bairro 6 de Agosto, em Rio Branco, e resolveu desfilar entre os estandes da maior feira agropecuária do estado bem ao estilo peão raiz. “Isso aqui é o traje do Velhão, do Rei do Gado, meu!”, declarou com entusiasmo.
Vestido com calça apertada, várias fivelas brilhando, lenço na cabeça, camisa xadrez e um berrante a tiracolo, Eurico vira atração à parte entre criadores e expositores. Só tem um detalhe: ele morre de medo do gado. “Tenho medo de vaca, de boi, até de bezerro. Mas gosto do agro, gosto da vibe”, admite, entre risos, antes de tentar soprar o berrante sem sucesso.

Ele é atendente de farmácia, e garante que seu amor pelo campo é de coração, mesmo que à distância. “Meu patrão tem fazenda, mas eu fico mesmo é nos remédios. O que eu gosto é de ver o povo animado, os cavalos, os rodeios, o som da sanfona”, explica, enquanto posa para fotos com curiosos que param para perguntar se ele é artista.
Na Expoacre, onde a tradição se mistura com negócios sérios e tecnologia de ponta, figuras como Eurico mostram que o agro também é cultura popular. E mesmo que o berrante falhe e o boi assuste, o importante é manter viva a paixão — nem que seja só no figurino.