Por Wanglézio Braga
Durante o 1° Simpósio sobre Pecuária de Cria do Acre, um alerta veio direto de Minas Gerais: o uso de pastagens consorciadas com leguminosas pode ser o caminho mais rápido e barato para reduzir o impacto ambiental da pecuária e, ao mesmo tempo, turbinar a produção de carne. Quem fez o alerta foi o pesquisador Daniel Rume Casagrande, que enxerga o Acre como pioneiro nesse tipo de manejo.
Casagrande explicou que a combinação de gramíneas com leguminosas forrageiras, como o amendoim forrageiro, tem um efeito direto na redução das emissões de metano – aquele gás que o boi solta pela boca e que agrava o aquecimento global. Isso acontece porque essas plantas fixam nitrogênio no solo, eliminando a necessidade de adubação química e ainda alteram positivamente o metabolismo dos animais, diminuindo os gases poluentes por quilo de carne produzido.
O pesquisador destacou que, mesmo com áreas experimentais em Minas Gerais, é no Acre que ele encontrou fazendas de verdade, de porte, que estão aplicando a tecnologia na prática, com resultados animadores. “Aqui é um laboratório vivo, com pastos modernos, diversos tipos de forrageiras convivendo, todos com presença de leguminosas. Isso tem que ser levado para o resto do Brasil”, defendeu.
Para que a ideia se espalhe, ele aponta que o país precisa investir na cadeia de produção de sementes de leguminosas e em capacitação dos pecuaristas. “Temos até 160 milhões de hectares que podem se beneficiar dessa técnica. O Acre já mostrou que dá certo, agora é organizar e espalhar”, concluiu Casagrande.