Por Wanglézio Braga
Durante o painel “Bioeconomia e Agro”, no Seminário Internacional TXAI Amazônia, realizado na Universidade Federal do Acre(UFAC) nesta quarta-feira (25), o pesquisador Alfredo Oyama Homma, da Embrapa-Pará, não economizou nas críticas ao que chamou de “fantasias ambientalistas” vendidas a pequenos produtores da Amazônia. Doutor em economia agrícola, ele fez um alerta direto:
“Eu considero que o mercado de carbono tem uma curva de oferta, igual como fosse uma curva de oferta de milho, uma demanda de milho, uma oferta de milho (…) O mercado de carbono vai ser vítima do seu próprio sucesso porque as demandas vão aumentar e os preços vão cair (…) Ninguém vai comer carbono!”.

Homma questionou a viabilidade econômica das propostas baseadas exclusivamente em serviços ambientais, como os créditos de carbono, e criticou iniciativas que induzem agricultores, ribeirinhos e indígenas a contratos de 25 a 30 anos sem garantia de renda real. Para ele, é preciso parar de iludir quem vive da terra. “Assinar contrato para vender carbono não garante comida no prato. Precisamos focar em produção sustentável, com mercado, preço e resultado”, afirmou.
O pesquisador defendeu que o caminho para evitar novos desmatamentos na Amazônia passa pela intensificação da produção em áreas já abertas. Segundo ele, grande parte da floresta já foi transformada em pastagem e pode ser melhor aproveitada. “Hoje estão sendo colocadas cinco propostas por ongs e instituições internacionais aqui na Amazônia. Uma delas é de que o homem precisa voltar à floresta. Esse modelo tem fortes limitações“, citou.
Na comparação entre estados, Homma ressaltou que o Pará — maior produtor de mandioca do Brasil — ainda colhe metade do que se produz no Paraná por hectare. “Isso mostra que o problema não é abrir mais floresta, e sim melhorar o que já temos. Produzir mais e melhor. É isso que a Amazônia precisa”, concluiu.