Por Wanglézio Braga
A apreensão de um rebanho leiteiro feita por agentes do ICMBio e do IBAMA em Xapuri, nos últimos dias, provocou uma onda de indignação no meio rural do Acre. Nesta segunda (9), o Sindicato Rural de Cruzeiro do Sul soltou uma nota dura contra a operação, classificando a ação como arbitrária, desumana e sem respeito aos direitos do produtor. Segundo o presidente da entidade Tarciso Barbary, a família afetada tirava dali o sustento, inclusive para pagar os estudos da filha na faculdade.
Na nota, o sindicato reconhece o papel da fiscalização ambiental, mas denuncia que ela tem sido feita “sem diálogo, sem processo legal e pisando nos direitos de quem produz”. Para Barbary, o confisco do gado não foi só uma ação contra uma propriedade, mas uma afronta direta ao trabalhador do campo que vive do leite e da terra. “Tratar quem alimenta o país como criminoso é um erro que o Brasil não pode mais aceitar”, diz o texto.
O sindicato cobra esclarecimentos urgentes do ICMBio e pede que os prejuízos da família sejam reparados. Ainda exige investigação rigorosa sobre a conduta dos fiscais envolvidos. O caso se soma a outros episódios que têm levado produtores rurais a se manifestar em bloqueios pacíficos na BR-317, pedindo respeito ao homem do campo e justiça nas ações dos órgãos federais.
O clima entre os produtores é de revolta, mas também de resistência. “Vamos continuar produzindo e defendendo quem trabalha de sol a sol pra botar comida na mesa (…) O campo pede respeito. A produção leiteira pede justiça. E o Brasil precisa valorizar quem produz com esforço e honestidade”, conclui o presidente do sindicato.

LEIA A NOTA NA ÍNTEGRA:
NOTA DE REPÚDIO
O Sindicato Rural de CruzeirodoSul, por meio desta, vem a público manifestar seu mais profundo repúdio à ação arbitrária realizada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que culminou no confisco do rebanho leiteiro do produtor rural, ocorrido em Xapuri , na últimasexta-feira.
Trata-se de uma atitude, desproporcional e desumana, que atinge diretamente a subsistência de uma família que vive do trabalho honesto no campo, que paga a faculdade de sua filha com a renda da terra, além de comprometer a produção de leite, fonte essencial de renda e alimento para a comunidade local.
Reconhecemos a importância da proteção ambiental e da atuação dos órgãos competentes. Contudo, não se pode admitir que essa atuação se dê de forma autoritária, sem diálogo prévio, sem respeito ao devido processo legal e ignorando os direitos constitucionais do cidadão do campo, em especial o direito à propriedade privada e ao contraditório.
O produtor rural brasileiro, em especial aquele dedicado à atividade leiteira, enfrenta inúmeras dificuldades diariamente – climáticas, econômicas e logísticas – e ainda assim contribui de forma essencial para a segurança alimentar do país. Tratar esse trabalhador como infrator, sem oportunidade de defesa, é uma afronta à dignidade humana e ao princípio da justiça.
Exigimos esclarecimentos imediatos por parte do ICMBio, bem como a apuração rigorosa da conduta dos agentes envolvidos e a reparação de todos os prejuízos causados. O campo pede respeito. A produção leiteira pede justiça. E o Brasil precisa valorizar quem produz com esforço e honestidade.
Estamos solidários ao produtor atingido e permanecemos firmes na defesa incondicional dos direitos dos homens e mulheres do campo.
Tarciso Barbary
Presidente do Sindicato Rural de Cruzeiro doSul
Cruzeiro do Sul, 09 de Junho de 2025