Por Wanglézio Braga
O que hoje é uma das festas mais aguardadas do Alto Acre começou como uma brincadeira entre amigos, num terreno de família, em Epitaciolândia. Foi ali que Adriano, o conhecido “Negão”, filho do Chagas Correia, teve a ideia de organizar uma vaquejada com os colegas. Sem apoio da prefeitura, sem estrutura, sem nome. Só com vontade. Hellen karla, hoje empresária à frente da loja Agripasto ao lado do esposo Alrimar Braga, relembra com saudade: “Levamos mercadoria no nosso Fiorino amarelo e ficávamos o fim de semana inteiro por lá. Tudo era improvisado, feito com bambu e madeira tirada na hora. Mas era gostoso demais”.
Com o passar dos anos, a festa foi ganhando corpo, mudando de nome conforme o humor político da cidade. Já foi Expolândia, voltou a ser Circuito Country, depois virou Expolândia novamente e depois voltou a ser Circuito. Epitaciolândia parecia não saber como chamar sua principal tradição. Apesar das mudanças de nome, o espírito da festa sempre foi o mesmo: reunir vaqueiros, cavaleiros, comerciantes e famílias inteiras em torno do orgulho rural da cidade.

Relação histórica
A loja Agripasto acompanhou tudo de perto. Com quase 30 anos de história, ela não apenas vende acessórios agropecuários, mas faz parte da alma do evento. A loja é atualmente uma das mais tradicional na cidade no ramo da agropecuária. Por lá, encontra-se acessórios e serviços do campo.
“Sempre patrocinamos, mesmo nos momentos mais difíceis. Essa festa é nossa. Traz movimento, aquece o comércio e envolve todo mundo”, explica Alrimar. Hellen completa: “A cidade fica animada, o povo se reencontra, a gente se sente vivo, o mercado movimenta. Isso é ótimo para nós”.
A nostalgia bate forte. Hellen se emociona ao lembrar do marido entrando na arena, brincando com os amigos na prova de tambor. “É uma festa que nunca deveria acabar. Deveria virar lei para continuar para sempre”. Mas ela também critica a falta de envolvimento das autoridades. Para os dois, o evento tem sido mantido mais pela paixão dos antigos do que pelo apoio verdadeiro do poder público com a classe empresarial.

Mais liberdade e reconhecimento
Alrimar aponta que a festa vem sendo sufocada por regras e burocracias que desestimulam a tradição. “Bloqueiam o transporte de cavalos, colocam fiscalização demais. A cavalgada está sumindo, e a exposição enfraquecendo.
Mesmo assim, ele e Hellen não desistem. Continuam investindo, patrocinando garotas do rodeio, decorando a loja e puxando o espírito country para o centro da cidade. “Por mim, será eterna”, conta Braga.
Para Hellen, falta também reconhecimento aos pioneiros. “Poderíamos ter mais homenagens, chamar não somente a classe de empresários como também quem faz da festa algo incrível”, conclui.
