Por Wanglézio Braga
A situação no Ramal do Ouro, zona rural do Bujari (km 100 da BR-364)/ Bujari-Sena Madureira), se tornou insustentável para as 350 famílias que vivem lá. O que antes era um ramal acessível, fundamental para a locomoção de quem depende dele para o transporte escolar e a escoação da produção, virou um lamaçal quase intransitável. O cenário tem gerado preocupação tanto em relação ao transporte de alunos quanto à produção local, que corre o risco de ser perdida devido às dificuldades de acesso.
Transporte escolar prejudicado e produção comprometida
Um vídeo obtido pelo Portal Acre Mais mostra a realidade de quem vive no Ramal do Ouro. Nas imagens, diversos homens se unem para tentar desatolar um micro-ônibus do transporte escolar, enquanto um carro de apoio também tenta ajudar, mas sem sucesso. A situação ilustra a luta diária das famílias para garantir que os estudantes cheguem à escola, algo que, com a atual condição do ramal, se torna um grande desafio.
Em outra parte do vídeo, moradores relatam que o avanço do tabocal na estrada tem encurtado o trajeto, transformando o ramal em um cenário de selva. “Quem anda por aqui tem medo. O mato está tomando conta da estrada, e o lamaçal dificulta ainda mais”, conta um morador, visivelmente preocupado com o futuro da estrada e da produção local. Os agricultores temem perder a pouco que produzem, uma vez que não conseguem escoar a produção devido ao péssimo estado do ramal.
Problemas estruturais e falta de apoio emergencial
Em contato com o secretário de Obras, Transportes e Serviços Urbanos (SEMOT) da Prefeitura do Bujari, José Ítalo, a reportagem obteve informações sobre a situação crítica enfrentada pela Prefeitura. Segundo Ítalo, a falta de maquinário adequado tem dificultado as obras de recuperação do ramal. “Estamos com máquinas quebradas, esperando peças de reposição, mas muitos dos nossos equipamentos são importados e o mercado local não tem as peças necessárias, por isso estamos aguardando as de fora. Assim que chegar, vamos imediatamente começar os trabalhos o que alinha com o verão”, explicou o secretário.
Além disso, o SEMOT revelou que a prefeitura já procurou apoio do Departamento de Estradas de Rodagem do Acre (Deracre) para tentar solucionar o problema de forma emergencial. “Já conversamos com o Deracre, mas eles também estão enfrentando dificuldades, com mais de 300 máquinas em manutenção, aguardando peças para reposição”, disse José Ítalo.
Acordos em andamento para a recuperação do ramal
Apesar das dificuldades, a esperança ainda não se perdeu. Segundo o secretário, o prefeito Padeiro já está em conversas com o governador Gladson Cameli para buscar uma solução para o Ramal do Ouro e outros ramais da região. As máquinas do Deracre já estão presentes, mas em número insuficiente. “O prefeito vai sentar com o governador para alinhar o apoio necessário. A ideia é que, até a segunda quinzena de maio, possamos avançar na recuperação dos ramais. Hoje estamos no Copaíba, Boa Hora, Linha Nova, e especialmente para garantir o transporte escolar”, afirmou Ítalo.
O secretário ressaltou que a situação é crítica, mas que o apoio do Deracre e um esforço conjunto podem garantir que o ramal seja recuperado e a locomoção de alunos e moradores, facilitada.
Um futuro ainda incerto, mas com possibilidades de mudança
Enquanto os moradores do Ramal do Ouro aguardam que as soluções emergenciais se concretizem, o temor de mais perdas persiste. As dificuldades enfrentadas pela população vão além do transporte escolar, afetando diretamente a vida rural e o futuro de quem depende dos ramais para sobreviver.
Com a promessa de uma possível recuperação nas próximas semanas, a esperança é que o governo estadual e municipal possam unir forças para garantir a manutenção do acesso, essencial não apenas para a educação, mas para a sobrevivência econômica da região.