Por Wanglézio Braga
Um pacto que promete mudar os rumos da agroindústria no Acre foi selado nesta quarta-feira (9). Em solenidade oficial, o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (APEX-Brasil), Jorge Viana, e o presidente do Banco da Amazônia (BASA), Luiz Cláudio Lessa, assinaram um ousado arranjo institucional que vai injetar R$ 82 milhões nas cadeias produtivas de aves e suínos na região do Alto Acre.
Batizado de arranjo agroindústria, o projeto busca transformar a base produtiva do estado ao conectar três pontas fundamentais: a indústria frigorífica, o pequeno produtor rural e o sistema financeiro. A ideia é simples na teoria, mas ambiciosa na prática: garantir previsibilidade e escala de produção para empresas como Dom Porquito e Acre Aves, sediadas em Brasiléia, a partir da construção de galpões de criação em regime de parceria com agricultores familiares.
Nesta primeira etapa, 70 famílias serão diretamente beneficiadas. O plano prevê a liberação de recursos para a construção de 70 galpões: 50 para criação de suínos e 20 para aves. O objetivo final, no entanto, é chegar a 250 estruturas financiadas.
O diferencial do arranjo está no modelo financeiro, considerado inovador. Ao invés de exigir garantias que muitos pequenos produtores não têm, o banco aceitará como garantia contratos de compra firmados entre as agroindústrias e os produtores. Esses contratos de longo prazo asseguram que as empresas irão adquirir a produção, oferecendo também assistência técnica e insumos.
“É um arranjo único. A indústria se compromete com o produtor, o produtor se compromete com a produção, e o banco garante o financiamento com base nesse compromisso. Isso dá segurança para todos”, explicou Luiz Cláudio Lessa, presidente do BASA. “Os produtores poderão acessar recursos do PRONAF, na faixa de R$ 400 a R$ 450 mil, para investir em suas estruturas. Em troca, eles terão uma fonte de renda estável, sem a incerteza do mercado”, completou.
Além do impacto direto nas cadeias de proteína animal, o projeto deve impulsionar também a demanda por grãos, como milho e soja, para ração animal, gerando um efeito cascata em toda a economia agrícola local. A expectativa é de que a iniciativa fortaleça a agroindústria acreana e, principalmente, aumente o volume de exportações para mercados internacionais — uma das metas da APEX-Brasil.
Jorge Viana, entusiasta da proposta, celebrou o compromisso firmado: “Estamos fazendo história. Este arranjo é o tipo de política pública que transforma vidas no campo. É disso que o Acre precisa: oportunidade, produção, exportação e dignidade para quem trabalha na terra.”