Por Wanglézio Braga/ Foto: Agência Aleac
A frustração tomou conta de dezenas de produtores rurais no Acre. Fátima Nascimento, agricultora da região de Senador Guiomard, sentido estrada de Boca do Acre, é uma das 75 produtoras de acerola ligadas à Cooperliber e relata o desespero de quem investiu, se qualificou, adotou técnicas modernas de irrigação e agora se vê impedida de vender sua produção. Ela foi uma das participantes de uma reunião na Assembleia Legislativa hoje (18) entre produtores e deputados.
“Nós fomos incentivados a plantar acerola, investimos em irrigação com placas solares, organizamos a produção com apoio técnico e estrutura de recolhimento, mas agora estamos sendo barrados. A cooperativa não está aceitando nossa produção por que já tem muito e o governo simplesmente ignora nossa situação”, denuncia Fátima.
O grupo de produtores, que também trabalha com castanha, borracha, cupuaçu e maracujá, decidiu recorrer à Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) para pedir apoio dos deputados. Eles reivindicam a regulamentação do mercado e cobram do Estado medidas urgentes para garantir a compra dos produtos, como determina a legislação voltada para a agricultura familiar.
“Nós temos direito por lei, mas na prática, ninguém cumpre. Estamos pedindo que os parlamentares olhem para nós. É muito triste saber que temos apoio de algumas cooperativas, como a Cooperacre, com suporte técnico e estrutura, mas que, por outro lado, o governo não faz nada para ajudar”, lamenta a produtora.
A crise na comercialização da acerola e maracujá levanta um alerta para os desafios enfrentados pelos pequenos agricultores no Acre. O setor, que depende de políticas públicas para escoar a produção, vê sua sobrevivência ameaçada pela falta de organização do mercado e pelo descaso do poder público. Enquanto isso, toneladas de frutas correm o risco de se perder, e os trabalhadores acumulam prejuízos sem perspectiva de solução.